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CRIANÇA
Dente para doação
Estoque de dentes
da Faculdade de
Odontologia da
USP está baixo;
fada dos dentes
é usada para
estimular doação
PATRICIA CERQUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Papai Noel traz presentes. Coelho da Páscoa,
chocolate. E a fada dos
dentes, moedas. Dos
três personagens do imaginário
infantil, a fada é a única que espera da meninada algo concreto em troca de dinheiro: o dente
deixado sob o travesseiro.
Na realidade, os pais retiram
o dente de leite enquanto os filhos dormem e, a partir dali,
eles podem virar pingentes ou
acabar esquecidos dentro de
uma caixa qualquer.
Só que é possível dar um destino mais digno aos dentes infantis (e de adultos também):
doá-los ao banco de dentes humanos da Faculdade de Odontologia da Universidade de São
Paulo (USP). "Estamos com
nosso estoque baixo e precisando de doações", diz José Carlos
Imparato, professor da faculdade e idealizador do banco.
Como o apelo da fada dos
dentes tornou-se irresistível
para a criançada perder o medo
da queda da dentição, Imparato
aposta na força da personagem
para aumentar o estoque. "Nas
consultas, incentivamos a doação para a fada, dizendo que ela
"trabalha" para nós, trazendo os
dentes ao banco", diz.
Os dentes doados têm duas
finalidades: ensino e pesquisa.
Os alunos do curso testam intervenções nesses dentes antes
de ter acesso a uma boca de verdade e estudam anatomia. Mas,
segundo Imparato, sempre foi
difícil conseguir esse material
por falta de costume do brasileiro de doar dentes.
"Até o fim dos anos 1980, os
alunos compravam no mercado negro ou conseguiam de
amigos dentistas." Com o banco, a oferta aumentou e o dente
ganhou status de órgão humano. Mas, como eles são de uso
contínuo, precisa-se sempre de
doações. "A intenção é educar
as crianças a serem doadoras de
outros órgãos no futuro", diz.
Qualquer pessoa pode doar
os dentes. Aliás, o banco está
precisando de qualquer dente:
com cárie, restaurado, torto,
amarelo, branco. Inclusive de
adultos. As doações podem ser
feitas pessoalmente (é preciso
agendar horário pelo telefone
0/xx/11/3091-7905, das 14h às
18h) ou pelo correio (para Banco de Dentes Humanos - Faculdade de Odontologia - USP, av.
Lineu Prestes, 2.227, Cidade
Universitária, São Paulo, SP,
CEP 05508-900).
Em ambos os casos, os dentes
devem ser lavados com água e
sabão e colocados em sacos
plásticos ou em um pote. Mesmo a criança acreditando que
quem os leva é a fada, procure
lavá-los. Imparato conta que já
recebeu dente com sangue e até
com linha amarrada. "A higienização é importante para evitar o contato da criança com
possíveis bactérias", explica.
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