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Rosely Sayão
Sobre rankings escolares
Q
ual a utilidade de um
ranking de escolas?
Sejam fundamentadas no número de
alunos que passam no vestibular ou no resultado obtido no
Enem, hoje temos várias listas
que destacam algumas escolas
e jogam lá para o meio ou para o
final da fila tantas outras. Tais
listas não têm utilidade alguma
e dizem muito pouco sobre o
valor de uma escola ou sobre
seu modo de funcionar. Mesmo
assim, são usadas para avaliar a
qualidade de ensino praticado.
Uma conseqüência dessas
listas tem a ver com as próprias
escolas. As que se situam no topo acreditam que o resultado é
a prova de que estão no caminho certo e que não precisam
rever seus métodos. As demais
ficam pressionadas a atingir resultados melhores. Ora, o trabalho que uma escola realiza
não pode ser reduzido ao êxito
escolar de seus alunos avaliado
dessa maneira.
É que a instituição escolar
não funciona como uma empresa, que precisa ser eficiente
a qualquer custo. Como estrutura social, ela tem finalidades
bem mais preciosas, que só podem ser medidas uma ou duas
décadas após o aluno sair de lá.
Além da transmissão do saber,
a escola tem de ensinar o exercício da cidadania e promover a
construção da autonomia.
Formar o futuro cidadão é
ensinar e praticar valores coletivos e democráticos, ensinar a
conviver com a diversidade, a
superar preconceitos e estereótipos e, sobretudo, a usar o saber em benefício de todos, e
não só próprio ou de poucos.
Assim, o fato de sabermos as
escolas que freqüentaram os
alunos de determinadas faculdades mostra apenas que algumas escolas instruem bem em
relação a certas disciplinas do
conhecimento e à execução de
provas de avaliação. Mas e as
outras atribuições?
Queremos saber algo mais
sobre uma escola? Vejamos como anda a vida profissional dos
alunos que lá se formaram. Será que trabalham só em busca
de uma vida confortável ou
querem mais do que isso?
Mas não nos esqueçamos da
liberdade na vida adulta: por
melhor que tenha sido a formação escolar básica de uma pessoa, ao ganhar autonomia ela
faz suas próprias escolhas.
O fato é que são raras as escolas de ensino fundamental e
médio que têm dado conta de
suas três importantes funções,
e não há ranking algum que
consiga ocultar esse fato. Essa
questão é de todos nós, e não só
de quem tem filhos em idade
escolar ou trabalha em escola.
Afinal, nosso futuro terá as
marcas desse tipo de formação.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@folhasp.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
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