São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2010 |
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O chão é o limite Em cruzada contra o 'achatamento' da espécie humana, Ivaldo Bertazzo lança livro com o método criado ao longo de décadas dedicadas à reeducação do corpo, e monta espetáculo para nos lembrar que não somos mais quadrúpedes
MORRIS KACHANI DE SÃO PAULO
Com mais de 35 anos de
profissão, o coreógrafo e bailarino Ivaldo Bertazzo hoje é
um especialista no estudo do
aparelho locomotor e da biomecânica humana. Ou, como brinca, dos sofrimentos e
formosuras de nossa espécie.
Folha - O que o inspirou a escrever o livro? Ivaldo Bertazzo - O ser humano sofre muito com uma constante e excessiva verticalidade. Guiando o carro, subindo no elevador, fazendo reuniões, no supermercado. Ele se acocora pouco, não senta de perna cruzada no chão.Não percebeu que ficar em pé é resultante de outras formas de locomoção. Como assim? Já passamos pela fase de peixe enquanto fomos feto, e depois como réptil e quadrúpede, enquanto engatinhávamos. É preciso recuperar essa memória para facilitar a flexibilidade, as dobradiças, o rolamento. Qual sua proposta? O vertical vai te achatando, faz joanete, artrose, hemorróida, hérnia, bloqueio intestinal, respiração insuficiente. Como bípede constantemente vertical vou perder espaço na mandíbula, no pescoço, nos espaços vertebrais. A espécie humana tem essa tendência de se achatar, é preciso administrar para não ir nessa direção. No que consiste seu método? O que faço é dar nome aos bois. Primeiro, especifico alguns tipos de exercício, que atendem a determinados tipos de corpo. Segundo, virou clube: tem os adeptos do alongamento e outros da massa muscular. A gente mostra que o corpo não só alonga, nem só contrai. Está sempre, como a respiração, expandindo e voltando. Esses exercícios previnem doenças? Se deixo de funcionar adequadamente, vou criar comprometimentos futuros viscerais e não só mecânicos. Se eu não tenho uma respiração que me descomprime no eixo vertebral, o trânsito intestinal é menor, o movimento cardíaco é mais limitado. A ideia é incorporar esses exercícios ao cotidiano. Lógico que tem que fazer ginástica, dança ou natação, mas tem que mudar a administração cotidiana. É preciso combater a burrice e a vagabundagem psicomotora. Como? Prefiro alguém que costure, desenhe, faça arranjo de flores ou um bom corte de peixe, como o sushiman, do que suba na esteira e considere que o exercício foi feito. E o sedentarismo? Sedentário, às vezes, é eu ir na academia, e depois voltar para casa e jogar aquela massa corporal no sofá, para jantar e ver TV. O sedentário lê pouco. Um intelectual que lê muito tem tanto vigor mental que aí só precisa cuidar das questões de colesterol e gordura. Ele está ativando uma das coisas mais fundamentais que é o cérebro. Um ato intelectual é um exercício físico? Lógico. São sinapses, você consome muita energia. Uma vez perguntaram a uma senhora linda, de 80 anos, como se conservava. Ela falou: "Leio jornal todos os dias". Ela se organizava intelectualmente assim. Você está lendo todas as questões nas quais está inserido. E não é fácil ler jornal, viu? Texto Anterior: Roda e avisa: Produtos, serviços e ideias para o corpo e o espírito Próximo Texto: Pequenos gestos, grandes benefícios Índice | Comunicar Erros |
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