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O cérebro precisa de 10 minutos para avisar que o organismo está saciado; entre os obesos, esse tempo é mais longo
Deixe o cérebro mostrar o tamanho da sua fome
DA REPORTAGEM LOCAL
Comer devagar e mastigar várias vezes o alimento é conselho que mães, tias e outras figuras experientes costumam dar para quem está em guerra com o peso. Só que agora a teoria deixa de ser apenas uma dica e ganha comprovação científica, segundo pesquisa realizada por cientistas da Faculdade de Medicina da Flórida (EUA) em parceira com a Universidade do Texas (EUA). Pelos resultados da pesquisa, o problema de quem não consegue se ver livre dos quilos a mais pode estar mesmo na cabeça.
As experiências, coordenadas pelo psiquiatra Yijun
Liu, professor associado da Universidade da Flórida,
constataram que o cérebro de pessoas normais reage à
ingestão de alimentos depois de cerca de 10 minutos.
Nos obesos, o processo demora 14 minutos.
Para chegar a essa conclusão, Liu e equipe fizeram
com que 18 voluntários jejuassem durante 12 horas e depois passassem por um exame cerebral. Após 10 minutos no exame, cada um tomou uma solução de água com
açúcar. Por meio de ressonância magnética, constatou-se que a atividade cerebral desses indivíduos atingiu o
pico. Essa alta no nível de glicose corresponde a um sinal
de saciedade, diz Liu. Ou seja, isso indicou que os indivíduos já haviam comido o suficiente. A equipe concluiu
ainda que as pessoas obesas apresentam uma função
anormal no hipotálamo, região do cérebro responsável
pela regulação da pressão, temperatura, digestão de
água e do apetite.
Segundo o endocrinologista Marcello Bronstein, a
pesquisa comprova a antiga suspeita de que o processo
de reconhecimento no cérebro das pessoas obesas é
mais lento. "É uma coisa inédita. Nunca havia sido feito
esse tipo de exame para pesquisas desse nível."
"O resultado "inocenta" o obeso como vítima de sua
condição própria", observa o médico Marcio Mancini,
do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas.
Segundo especialistas, o resultado só ratifica as orientações dadas nos consultórios a quem sonha com o peso
ideal, ou seja, não se empanturrar na mesa, deixá-la logo
que acabou a refeição, desvinculando a comida da função social, e apoiar no prato os talheres entre uma garfada e outra para prolongar o tempo.
"A pesquisa comprova que vale a pena ter como entrada um prato de salada ou abusar de alimentos pouco calóricos no início da refeição, assim se atinge o ponto de
saciedade com poucas calorias", diz Mancini.
(KK)
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