São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2007
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segurança infantil

nas alturas

Crianças, mães e médicos avaliam novo tênis que permite dar grandes saltos; médicos alertam para riscos de torções e dão dicas para usar o brinquedo com segurança

Bruno Miranda/Folha Imagem
Leonardo Paschoa e André Arnoni testam o Big Jump, tênis que possibilita que as crianças dêem pulos altos

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

A um mês do Dia das Crianças, acaba de chegar às vitrines o Big Jump, novo tênis da Bibi -a mesma empresa que criou os onipresentes Skatênis, com rodinhas traseiras. A promessa agora é pular mais alto e caminhar a grandes saltos, como os astronautas na Lua. O segredo é um sistema de plástico e borracha, com quatro molas, que, acoplado a um tênis especial, impulsiona a criança para o alto. O resultado? Mais uma moda que deve deixar muitos pais de cabelo em pé.
Para fazer o test-drive do brinquedo, a Folha convidou duas crianças: Leonardo Paschoa e André Arnoni, ambos de dez anos. Eles não demoraram a fazer a primeira descoberta: equilibrar-se sobre a plataforma (que a Bibi chama de "jumper") não é tão fácil quanto parece. Devido ao formato curvo da parte inferior do "jumper", o corpo tende a cair para a frente. Mas poucos minutos -e alguns tombos- depois, eles já se divertiam, sob o olhar apreensivo das mães.
"A gente fica preocupada com esse brinquedo. O Leo tem uma boa coordenação motora, mas quem não tem pode cair", observou a mãe do menino, a analista de sistemas Adriana Paschoa, 40. "O perigo é torcer o tornozelo ou bater a cabeça", ressaltou a nutricionista Silvana Arnoni, mãe de André.
Primeira conclusão do test-drive: joelheiras, cotoveleiras e capacetes são indicados para proteger a criança em caso de quedas. Mas esses acessórios têm de ser comprados à parte: embora sejam citados no manual de instruções do produto, eles não são fabricados pela Bibi nem acompanham o tênis.
O ortopedista Túlio Fernandes, vice-presidente da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia) -regional São Paulo, destaca outra observação: o Big Jump é um brinquedo. Ou seja, o "jumper" não deve ser acoplado ao tênis para fazer caminhadas normais.
Quanto à possibilidade de torções, o produto realmente oferece riscos, segundo o ortopedista. Isso porque, em sua avaliação, o contraforte (forro que protege o calcanhar) não é suficientemente firme, o que aumenta a instabilidade da pisada. Segundo Celso Rizzi, chefe do setor de cirurgia infantil do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), o tênis também seria mais seguro se tivesse cano alto.
Para ambos os especialistas, como o brinquedo exige uma boa dose de equilíbrio, ele não é indicado para crianças com menos de oito anos. "Até essa idade, a criança é instável até para caminhar e correr, pois sua coordenação motora não está completa. Por isso, o uso do brinquedo tem de ser orientado por adultos", afirma Rizzi.
O problema do uso por crianças maiores é a questão do peso, ressalta Fernandes. "É preciso saber se as eventuais limitações de resistência do material não podem fazer com que o suporte quebre durante uma atividade intensa." Ao longo do teste realizado pela reportagem, por duas vezes o "jumper" se soltou do tênis de Leonardo enquanto ele pulava -segundo a empresa, como o tênis era novo, a base pode não ter sido travada completamente; por isso, é bom dedicar mais atenção ao ajuste nas primeiras vezes em que o tênis for utilizado.
Já o ortopedista Egon Henning, professor aposentado da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) que ajuda a Bibi a avaliar novos produtos, afirma que o desenvolvimento motor não é igual em todas as crianças e deve ser avaliado caso a caso. "Se ela consegue saltitar num pé só aos seis anos, também consegue pular num pé só com esse tênis."
Segundo Henning, o contraforte do tênis que ele avaliou é adequado. "Vi crianças usando o produto por várias semanas sem nenhum problema." Quanto ao material do "jumper", o ortopedista afirma que, embora ele seja feito para resistir a vários meses de uso, alguns exemplares podem sofrer desgaste precoce. "Nesse caso, o consumidor deve comunicar o problema à empresa."

Tempo
Para preservar tanto a saúde da criança quanto o brinquedo, o Big Jump não deve ser usado por mais de duas horas por dia, segundo recomendação da própria Bibi. De acordo com Fernandes, dificilmente as crianças conseguirão superar esse limite: após pular por apenas meia hora, André e Leonardo já estavam suados e cansados. "O André já faz bastante esporte, mas é uma atividade a mais", afirma Silvana.
Para Marlin Kohlrausch, presidente da Bibi, o brinquedo é bom para a saúde por estimular as crianças a se movimentarem mais, fugindo do sedentarismo. "É o mesmo que andar de bicicleta ou jogar futebol -qualquer coisa é ruim se você fizer o dia inteiro."
Em caso de torções, o indicado é passar gelo no local e manter a criança em repouso. "Como ela tem a estrutura óssea em formação, uma entorse (lesão articular) pode mascarar uma pequena fratura. Por isso, é importante observar se houver um aumento do inchaço, por exemplo", afirma Rizzi.


Big Jump
Numeração: de 30 a 37
Preço sugerido: de R$ 160 a R$ 190
Mais informações: www.bibi.com.br



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