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Ingrediente
Mirtilo é fruto número um em antioxidantes
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mirtilo, já ouviu falar? E "blueberry"? Sim, o primeiro é a tradução
em português do último, que se
tornou mais conhecido no Brasil por fazer parte de receitas
populares nos EUA, como
"muffins" ou "cheesecakes",
que aportaram por aqui.
Mas o mirtilo ainda está longe de ser um fruto amplamente
consumido pelos brasileiros.
Para começar, por causa do
preço. O quilo do frutinho agridoce com casca roxa não sai por
menos de R$ 100 e, dependendo da época, pode chegar a R$
200. O motivo é óbvio: nativo
de países de clima temperado,
não se adapta facilmente às
condições de solo e temperatura mais comuns em terras tropicais. Por isso, a produção brasileira, iniciada na década de
1980, mas ainda muito pequena, concentra-se nos Estados
do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, explica o engenheiro
agrônomo Rogério De Marchi,
diretor da De Marchi, empresa
distribuidora de frutas com sede em São Paulo.
No Mediterrâneo e na Europa central, ele se desenvolve espontaneamente nos bosques
das regiões montanhosas. Em
países como a Suíça e a Alemanha, é uma tradição, no fim do
verão, passear pelos bosques
com baldinhos para colher mirtilos selvagens, conta Roseli
Haefeli, chef do restaurante
suíço Florina, de São Paulo. Ela
se lembra com saudades das
compotas, geléias e caldas que
eram feitas com o fruto colhido
na hora, "com mais gosto e perfume do que o cultivado". Mesmo assim, Haefeli reproduz as
receitas de família em seu restaurante e para os amigos brasileiros. "[O mirtilo] é caro, mas
sempre que você serve algo
com ele os convidados sabem
que é uma coisa especial", diz.
Realmente, o preço alto e o
fato de não ser encontrado em
qualquer lugar são amplamente compensados pelas propriedades do mirtilo -e não só as
gastronômicas. Segundo pesquisadores do Centro de Nutrição Humana do Departamento
de Agricultura dos EUA, que
compararam o mirtilo com outros 40 frutos e vegetais frescos, ele é o que apresenta o mais
alto poder antioxidante. Com
essa descoberta, ganhou o apelido de "fruto da longevidade".
O mirtilo é uma boa fonte de
vitaminas C e K, de ácido fólico
e de potássio. "A análise de diferentes tipos de mirtilo revelou
que ele é rico em resveratrol e
em piceatanol, que ajudam no
combate ao câncer, no controle
do nível de açúcar no sangue e
na redução do colesterol
"ruim'", afirma a nutricionista
Laura Algodoal, do Instituto
Brasileiro de Educação Nutricional.
Do ponto de vista gastronômico, o preço alto é compensado porque bastam pequenas
quantidades do fruto para se
obter grandes efeitos no sabor e
no visual das receitas. "Na
França, ele é muito usado para
a decoração de doces. Também
pode ser misturado a geléias de
frutas vermelhas, para realçar o
sabor e a cor", diz a pâtissière
Flávia Amorim, do Atelier Flávia Amorim, de São Paulo.
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