São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007
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Ingrediente

Mirtilo é fruto número um em antioxidantes

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mirtilo, já ouviu falar? E "blueberry"? Sim, o primeiro é a tradução em português do último, que se tornou mais conhecido no Brasil por fazer parte de receitas populares nos EUA, como "muffins" ou "cheesecakes", que aportaram por aqui.
Mas o mirtilo ainda está longe de ser um fruto amplamente consumido pelos brasileiros. Para começar, por causa do preço. O quilo do frutinho agridoce com casca roxa não sai por menos de R$ 100 e, dependendo da época, pode chegar a R$ 200. O motivo é óbvio: nativo de países de clima temperado, não se adapta facilmente às condições de solo e temperatura mais comuns em terras tropicais. Por isso, a produção brasileira, iniciada na década de 1980, mas ainda muito pequena, concentra-se nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, explica o engenheiro agrônomo Rogério De Marchi, diretor da De Marchi, empresa distribuidora de frutas com sede em São Paulo.
No Mediterrâneo e na Europa central, ele se desenvolve espontaneamente nos bosques das regiões montanhosas. Em países como a Suíça e a Alemanha, é uma tradição, no fim do verão, passear pelos bosques com baldinhos para colher mirtilos selvagens, conta Roseli Haefeli, chef do restaurante suíço Florina, de São Paulo. Ela se lembra com saudades das compotas, geléias e caldas que eram feitas com o fruto colhido na hora, "com mais gosto e perfume do que o cultivado". Mesmo assim, Haefeli reproduz as receitas de família em seu restaurante e para os amigos brasileiros. "[O mirtilo] é caro, mas sempre que você serve algo com ele os convidados sabem que é uma coisa especial", diz.
Realmente, o preço alto e o fato de não ser encontrado em qualquer lugar são amplamente compensados pelas propriedades do mirtilo -e não só as gastronômicas. Segundo pesquisadores do Centro de Nutrição Humana do Departamento de Agricultura dos EUA, que compararam o mirtilo com outros 40 frutos e vegetais frescos, ele é o que apresenta o mais alto poder antioxidante. Com essa descoberta, ganhou o apelido de "fruto da longevidade".
O mirtilo é uma boa fonte de vitaminas C e K, de ácido fólico e de potássio. "A análise de diferentes tipos de mirtilo revelou que ele é rico em resveratrol e em piceatanol, que ajudam no combate ao câncer, no controle do nível de açúcar no sangue e na redução do colesterol "ruim'", afirma a nutricionista Laura Algodoal, do Instituto Brasileiro de Educação Nutricional.
Do ponto de vista gastronômico, o preço alto é compensado porque bastam pequenas quantidades do fruto para se obter grandes efeitos no sabor e no visual das receitas. "Na França, ele é muito usado para a decoração de doces. Também pode ser misturado a geléias de frutas vermelhas, para realçar o sabor e a cor", diz a pâtissière Flávia Amorim, do Atelier Flávia Amorim, de São Paulo.


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