karina klinger
free-lance para a Folha

Com a chegada do calor, não são somente as crianças que se beneficiam com as brincadeiras na água: os adultos também podem tirar bom proveito da situação. Como 2004 está terminando, a época é propícia para afogar o estresse e o que não foi bom durante o ano de uma vez por todas em águas profundas. Para isso, os exercícios de watsu, técnica inspirada no zen-shiatsu, são uma boa pedida.
Os movimentos devem ser feitos com a ajuda de um terapeuta profissional, mas é possível também fazer e relaxar com a mãe, o namorado ou um amigo.
Originalmente, o watsu é realizado numa piscina aquecida, mas, segundo o fisioterapeuta Marcelo Roque, se o dia estiver bem quente, o mar e a piscina comum são boas alternativas. No Rio Grande do Norte, é comum encontrar terapeutas em sessão com clientes no mar aberto. A única dificuldade é manter o equilíbrio diante das ondas, por isso, o certo é escolher um local mais calmo -e é sempre bom estar com alguém que saiba nadar.
Para quem não imagina como a técnica funciona, é só observar alguns casais que, às vezes, trocam carícias ou brincadeiras na piscina ou pessoas com bebê de colo na água fazendo os movimentos.
O relaxamento é apenas um dos muitos benefícios provocados pelos movimentos na água. Aliás, a técnica é conhecida por remeter o paciente ao útero. Exagero ou não, o fato é que a calmaria prevalece após uma boa sessão de watsu. Supervisionada por um profissional, a técnica produz efeitos realmente eficazes, que incluem alongamento, alívio das dores, melhora na respiração e na qualidade do sono e sensação de bem-estar.

INDICAÇÕES
Segundo Roque, o watsu é ideal para pacientes que sofrem de estresse físico e emocional, insônia, enxaqueca, dores musculares e para vítimas de paralisia cerebral, além de idosos. O tratamento também tem sido usado com sucesso ao complementar a psicoterapia, pois ajuda as pessoas que não conseguem falar a indicarem, por meio de gestos, o seu psique.
Quem tem problemas sérios, como lesões ortopédicas graves, labirintite ou gravidez de alto risco, não deve se submeter à técnica, que nasceu em 1980 sob as mãos de Harold Dull, terapeuta norte-americano e mestre de zen-shiatsu. "Ele começou a adaptar o shiatsu na piscina e viu que dava certo", explica Roque, que trabalha na área desde 1996.
Antes de começar a série, saiba que os exercícios são sempre lentos e suaves. Nada de pressa. Nunca segure a pessoa pelo pescoço, mas pela cabeça - uma forma de evitar lesões.
Os movimentos são mesmo repetitivos, pois a idéia é relaxar e ainda promover a consciência corporal. Durante a prática, procure observar a respiração e fazê-la da maneira mais tranqüila possível. E mais: de um exercício para outro, não faça movimentos bruscos, embale o seu parceiro com carinho e suavemente. A dica é fazer a série por 15 minutos e, em seguida, dar um tempinho na água -e não sair de uma hora para outra, para não quebrar o clima.