São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008
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Inspire, respire, transpire

com a corda toda

Primeira equipe organizada de saltadores de corda no Brasil quer disseminar a prática em ruas e parques

Alex Almeida/Folha Imagem
Willians de Oliveira, do grupo Corda de Rua, em evento no parque Villa-Lobos, em SP

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A inda em busca daquela atividade física fácil de praticar e que traga prazer e resultados visíveis? Pode se jogar: com uma corda e um par de tênis, é possível descobrir o atleta adormecido em você. Ou, no mínimo, gastar algumas calorias e se divertir bastante, sem ter perdido quase nada -como o dinheiro da matrícula na academia ou a compra de equipamentos e roupas especiais.
Pular corda faz parte dos programas de treinamento de várias modalidades -o boxe, especialmente, utiliza muito o exercício. Mas, no Brasil, a atividade ainda não é considerada um esporte. Se depender do grupo Corda de Rua, a primeira equipe de saltadores de corda do país, a situação vai mudar. Há duas semanas, seus integrantes começaram a pular de parque em parque na capital de São Paulo, com o intuito de divulgar a corda como esporte. E, também, com a proposta de atrair adeptos amadores.
No último domingo, 13/4, a turma se reuniu no parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo. Às dez da manhã, com o sol já forte, começaram o "esquenta". Uns saltinhos aqui, uma corda individual ali, e logo duas pessoas assumem as pontas de uma corda mais longa e começam a bater. É sinal de que o show vai começar -sim, show, pois, quando entram dois ou mais para fazer saltos acrobáticos ou quando a turma toda começa a pular de forma sincronizada, a apresentação ganha força de espetáculo.
A idéia é mesmo atrair os olhares e o interesse do público que aproveita o domingão no parque. Funciona. Quem está passando faz uma pausa para admirar as acrobacias. Como a curiosidade é a mãe do marketing, outros vão se juntando para descobrir o que está acontecendo. É a deixa para o Corda de Rua convidar o público a arriscar seus pulinhos.
"Queremos mostrar que pular corda é um esporte gostoso e fácil de praticar. Não precisa de equipamento além de uma corda simples (até improvisada), pode ser feito em todo lugar e por qualquer um", diz Ana Sato, idealizadora e fundadora do grupo.
Formada em educação física pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Sato conheceu o esporte, internacionalmente chamado de "rope skipping", em um evento de ginástica na Itália, em 2000. De volta ao Brasil, reuniu colegas da faculdade com a idéia de formar uma equipe brasileira da modalidade. Mas, por aqui, diferentemente do que acontece na Europa e na América do Norte, não há nada oficial -incluindo equipes de clubes e campeonatos- relacionado a pular corda. Em compensação, por ser uma brincadeira infantil muito popular no país, Sato teve a idéia de difundir o esporte como uma forma de incentivar amadores a se exercitarem.
Segundo Paulo Zogaib, professor de medicina esportiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), não há mesmo grandes restrições para começar a pular corda. Principalmente se levarmos em conta que quase todo mundo já fez isso na infância e que, pelas características da atividade, a pessoa acaba obedecendo, naturalmente, ao ritmo e aos limites do corpo. "O nível de adaptação do organismo é global", diz Zogaib.
O principal benefício da atividade é melhorar o condicionamento cardiovascular. Além disso, ela trabalha coordenação, equilíbrio e agilidade. "Também melhora o sistema muscular, especialmente dos membros inferiores", diz o professor da Unifesp.
Ele compara os benefícios aos da caminhada, do trote leve e da corrida. Os primeiros pulos representariam um gasto energético similar ao do ato de caminhar e assim por diante. "Em média, acho que pular corda de maneira leve representa um gasto de 300 a 350 calorias por hora. À medida que aumenta a velocidade e são introduzidos saltos maiores, pode chegar a mais de 500 kcal/h. Mas, como o ritmo aumenta e diminui constantemente, isso seria o gasto máximo. O gasto médio deve ser algo entre 400 e 450 kcal/h", avalia Zogaib.
Para manter o ritmo e o pique, os integrantes do Corda de Rua capricham na trilha sonora. Do hip hop ao maracatu, a música estimula os puladores e reforça o tom pop e de cultura de rua da atividade. Atrai também diversas tribos. Nos eventos que realizaram nos parques de São Paulo, skatistas e patinadores entraram na roda -ou melhor, na corda- incorporando às acrobacias pulos com skate e patins.


Mais informações no site:
www.cordaderua.org



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