São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2000 |
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POUCAS E BOAS Estudo alerta usuário de coquetel anti-Aids ISABEL GERHARDT - DA REPORTAGEM LOCAL
Um pesquisador da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro) alerta: homens portadores
de HIV submetidos à terapia com drogas anti-retrovirais (AZT, por exemplo), mesmo com redução
na contagem das partículas virais no organismo, ainda
podem ter o vírus no sêmen e transmiti-lo nas relações
sexuais. Por isso é imprescindível o uso do preservativo.
O médico Paulo Barroso conduziu o maior estudo até
hoje apresentado no mundo para determinar a concentração de HIV no sêmen antes e depois do tratamento
com anti-retrovirais. Os resultados foram publicados
esta semana na revista "Annals of Internal Medicine".
Dois grupos de voluntários receberam o coquetel anti-Aids, uma combinação de drogas anti-retrovirais
-inibidores de transcriptase reversa e inibidores de
protease. Um grupo recebeu só inibidores de transcriptase reversa; o outro, os dois tipos de inibidores.
Segundo Paulo Barroso, no início do tratamento, 74%
dos voluntários tinham o HIV detectável no sêmen.
Desses homens, mais da metade deixou de apresentar o
vírus no sêmen após seis meses de tratamento. "Não
houve diferença significativa entre as duas formas de
tratamento", disse à Folha Barroso, indicando que tanto inibidores de transcriptase reversa sozinhos como
em conjunto com inibidores de protease são eficientes
na redução das partículas virais no sêmen.
Apesar de o tratamento aparentemente eliminar o
HIV, Barroso salienta que pode existir uma parcela razoável de vírus ainda presente no sêmen. "Não ser detectado não significa que é zero, apenas que está abaixo
da capacidade de detecção do teste", explica. Daí a necessidade de se praticar o sexo seguro.
Barroso também chama a atenção para o fato de que
existem evidências de que o vírus se reproduz mais
acentuadamente nos órgãos genitais. Por isso não se
pode descartar a possibilidade de que, mesmo sendo indetectável no sangue, o HIV esteja no sêmen. |
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