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Histórias de vida
Brincadeiras
"Tinha 4
anos. Estava tomando
banho, meu primo me
empurrou, escorreguei e
bati a cabeça. O nervo ótico
foi afetado. Perdi a visão
definitivamente aos 11
anos", conta Ricardo Leone,
29. Ele diz não ter raiva do
primo. José Eduardo
Alavarce, da mesma idade,
conta sua história rindo:
"Ninguém acredita. Tinha 8
anos. Fui para o circo, eu era
uma peste. Eu me aproximei
da jaula e levei uma patada
da leoa". Os dois, que
trabalham juntos no
hospital Albert Einstein, são
casados e têm filhos. Ricardo
toca guitarra e joga futebol
no mesmo time de Edu. Só há
duas coisas que os fazem
perder o humor: cair em
bueiros abertos, dar topada
em barraca de camelô ou em
carros parados na calçada.
Uma Vitória
"Para certos
tipos de serviço, o deficiente
tem muito mais capacidade.
Basta adequá-lo ao
trabalho", diz Eliane Pereira,
27. Ela foi vítima de uma
bala perdida quando
voltava para casa no Grajaú,
bairro de classe baixa, na
zona sul de SP. Estava
grávida da filha Vitória, hoje
com 1 ano e 2 meses. "O
nascimento dela me ajudou
muito", diz Eliane, que,
antes do acidente, "via
problema em tudo".
Minoria na família
A
maioria da família Pimentel
não ouve. Mário Júlio, seu
pai e sua mãe são surdos. A
deficiência é congênita.
"Minha mãe tem três irmãos
surdos. Em casa, só minha
irmã é ouvinte, que raiva",
diz em tom de brincadeira.
Apesar de os três serem
maioria em casa, ninguém
usa a linguagem de sinais.
Mário Júlio trabalha na
Secretaria de Assistência
Social e Desenvolvimento
como analista de suporte e é
também programador.
"Não sou convencido, mas
minha limitação não
impede que eu seja um bom
programador. Só tenho
dificuldades quando
alguém reclama que o
computador está fazendo
barulho", diz rindo.
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