São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2000
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Histórias de vida

Brincadeiras "Tinha 4 anos. Estava tomando banho, meu primo me empurrou, escorreguei e bati a cabeça. O nervo ótico foi afetado. Perdi a visão definitivamente aos 11 anos", conta Ricardo Leone, 29. Ele diz não ter raiva do primo. José Eduardo Alavarce, da mesma idade, conta sua história rindo: "Ninguém acredita. Tinha 8 anos. Fui para o circo, eu era uma peste. Eu me aproximei da jaula e levei uma patada da leoa". Os dois, que trabalham juntos no hospital Albert Einstein, são casados e têm filhos. Ricardo toca guitarra e joga futebol no mesmo time de Edu. Só há duas coisas que os fazem perder o humor: cair em bueiros abertos, dar topada em barraca de camelô ou em carros parados na calçada.

Uma Vitória
"Para certos tipos de serviço, o deficiente tem muito mais capacidade. Basta adequá-lo ao trabalho", diz Eliane Pereira, 27. Ela foi vítima de uma bala perdida quando voltava para casa no Grajaú, bairro de classe baixa, na zona sul de SP. Estava grávida da filha Vitória, hoje com 1 ano e 2 meses. "O nascimento dela me ajudou muito", diz Eliane, que, antes do acidente, "via problema em tudo".

Minoria na família
A maioria da família Pimentel não ouve. Mário Júlio, seu pai e sua mãe são surdos. A deficiência é congênita. "Minha mãe tem três irmãos surdos. Em casa, só minha irmã é ouvinte, que raiva", diz em tom de brincadeira. Apesar de os três serem maioria em casa, ninguém usa a linguagem de sinais. Mário Júlio trabalha na Secretaria de Assistência Social e Desenvolvimento como analista de suporte e é também programador. "Não sou convencido, mas minha limitação não impede que eu seja um bom programador. Só tenho dificuldades quando alguém reclama que o computador está fazendo barulho", diz rindo.


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