|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INGREDIENTE
Roquefort é maturado em cavernas francesas
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um dos queijos azuis
mais conhecidos, ao
lado do gorgonzola, o
roquefort foi apelidado de "o rei dos queijos" pelo
iluminista Diderot. A alcunha
faz justiça ao sabor pungente,
picante, salgado e ligeiramente
ácido desse queijo de leite de
ovelha, o primeiro a receber o
certificado de origem controlada e um dos mais caros do mundo (R$ 270 o quilo, em média),
graças às condições peculiares
em que é produzido.
Para receber o nome de roquefort, deve maturar exclusivamente nas cavernas naturais
do monte Combalou, em Roquefort-sur-Soulzon, no sul da
França. Trata-se de uma região
selvagem e muito árida devido
à porosidade da pedra calcária,
que absorve a umidade de tal
forma que apenas rebanhos de
ovelhas conseguem sobreviver.
Segundo a enciclopédia "The
Oxford Companion to Food",
de Alan Davidson, assim como
em outras colinas da área,
Combalou sofreu um colapso
interno no passado que levou à
abertura de cavernas. Elas se
comunicam com a superfície
por meio de fissuras conhecidas por "fleurines" e circundam um lago subterrâneo.
Isso possibilita que a temperatura interna e a umidade se
mantenham constantes ao longo do ano, entre 7ºC e 9ºC e
95%, respectivamente, condições perfeitas para a proliferação do fungo Penicillium roqueforti, responsável pelos veios
azuis que se formam gradualmente no interior do queijo.
Esse tipo de fungo é usado também na produção do queijo dinamarquês "Danish blue", mas
são as condições peculiares
dessas cavernas que fazem do
roquefort um produto único.
Até o século 19, somente o
leite de ovelhas da região era
empregado na produção, mas a
oferta passou a ser insuficiente,
e a matéria-prima de outros locais, como a Córsega e o País
Basco, começou a ser utilizada.
Para a chef Gabriela Martinoli, consultora da Escola Wilma Kövesi, a melhor maneira
de apreciar o sabor do roquefort é consumi-lo ao natural,
puro ou com acompanhamentos. "As combinações clássicas
são com pães integrais e de cereais, que têm sabor acastanhado; nozes e avelãs, pelo mesmo
motivo; e frutas frescas doces
como figo, uva, manga, pêra e
maçã gala", diz.
Vegetais amargos, como endívia, escarola e aipo também
funcionam muito bem, segundo ela. "Esses ingredientes
equilibram o sabor forte, picante e salgado do roquefort." Para
a banqueteira Adriana Cymes,
do Arroz de Festa, trata-se de
um "queijo versátil e que marca
presença", ótimo para ser servido como aperitivo.
Texto Anterior: Correio Próximo Texto: "Tartelette" de tomate-cereja com roquefort Índice
|