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ROSELY SAYÃO
O ensino da generosidade
Uma leitora pergunta
como ensinar o filho
a ser generoso. Recebo muita correspondência de pais, mas poucas dizem respeito ao ensinamento
das virtudes e à educação moral. Aliás, esta parece ter deixado de ser uma questão importante para pais e professores.
Em tempos em que se fala tanto
da necessidade de ética, valores
e moral, vale a pena refletir sobre como os pais podem educar
seus filhos para que tenham a
qualidade da generosidade.
Vamos começar por um equívoco que muitos pais cometem:
praticamente obrigam-nos a
"emprestar" seus brinquedos a
um colega, um irmão etc. Em
primeiro lugar, só empresta
quem tem, e a criança pequena
ainda não tem a posse de seus
brinquedos. Por isso, é preciso
esperar um pouco. Depois, ninguém aprende a ser generoso
sob pressão. Como ensiná-las,
então, a serem generosas?
Como as primeiras relações
das crianças são sustentadas
pelos afetos, nada mais coerente do que convidá-las a olhar
para outros de quem gostam a
fim de saber do que eles precisam ou pedem e que a criança
tem condições de atender. Perguntar ao filho se ele pode imaginar o quanto o irmão ou o colega ficaria alegre caso ele emprestasse algo seu ou o ajudasse
no que precisa é dar à criança a
oportunidade de se dirigir ao
outro sem se sentir prejudicada. É bom também analisar
com a criança o pedido, pois pode ser um mero capricho.
Um ponto importante a considerar é que só é generoso
quem tem liberdade para tanto.
Por isso, quando os pais permitem que o filho faça ou empreste algo, mas acham inapropriado que empreste um brinquedo
porque é caro, não ajudam a desenvolver a generosidade.
Mais importante é ajudar a
criança a perceber suas reais
possibilidades de praticar a generosidade. Algumas crianças
querem ser generosas quando
não podem. Uma de sete anos,
por exemplo, pediu à mãe para
dar um presente de aniversário
caro para a família do amigo.
Pensar com a criança sobre essas situações é, portanto, fundamental para suscitar nela a
verdadeira generosidade.
Ser generoso significa sacrificar seus interesses em benefício do outro, diz o dicionário
Houaiss. Como a criança
aprende muito observando
seus pais e os adultos significativos de seu entorno, seria bom
que tivesse oportunidades de
presenciar atos generosos da
parte deles. E vamos reconhecer que, em uma sociedade individualista, a generosidade
não é uma virtude em alta no
mundo adulto. Se quisermos
melhorar o mundo em que vivemos, precisaremos praticar a
generosidade sempre que tivermos oportunidade.
À medida que as crianças
crescem, é preciso aprimorar
essa virtude, ou seja, ensinar-lhes a dirigi-la não mais apenas
para as pessoas queridas mas
também a outro com quem tem
relações impessoais.
Ensinar a criança a ser generosa é uma grande contribuição
para que ela construa uma boa
imagem de si mesma. Vale a pena, portanto, investir nesse ensinamento.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
rosely.sayao@grupofolha.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
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