São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009
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Mais de 90% das mães abortam ao saber

Católico, Jérôme Lejeune se revoltou contra uma consequência de sua descoberta: a possibilidade de identificar a trissomia 21 ainda no embrião e, portanto, permitir à mãe abortá-lo. Engajou-se em campanhas contra a prática. Mas ela é comum.
"O que a gente sabe, mas é uma informação não escrita, extraoficial, é que mais de 90% dos diagnósticos pré-natais de embriões com síndrome de Down são interrompidos hoje neste país", diz o médico Zan Mustacchi.
A legislação brasileira só aceita abortos em casos de estupro e risco de morte para a mãe. Para casos de má-formação do feto, como os de anencefalia, é necessário ter uma autorização judicial.
Mustacchi acredita que cabe aos pais decidir se querem ou não ter um filho Down. "Não temos o direito de intervir nessa opinião. Temos a obrigação de expor tudo o que existe de favorável e desfavorável", afirma.
Para a geneticista Silvia Bragagnolo, o aumento de informações sobre a síndrome começa a reduzir o número de abortos. "Uma parte daquelas mães que abortavam ao saber passou a enxergar esse quadro de uma maneira diferente, a ver as habilidades que esse indivíduo pode desenvolver e que não é tão catastrófico quanto era antigamente", diz.
Os dois médicos ressaltam que os Down devem receber o máximo de informações para decidir se querem filhos. Para Mustacchi, é "a sociedade [que] não deixa o indivíduo com síndrome de Down transar sem camisinha e ter um filho".
Se só um parceiro for Down, diz ele, a chance de o filho também ser Down é de 50%. Se ambos tiveres a síndrome, aumenta para 80%.
A incidência de pessoas com síndrome de Down no mundo é de uma para mil habitantes. No Brasil, estima-se em uma para 750, segundo Mustacchi. (LFV)


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