|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mais de 90% das mães abortam ao saber
Católico, Jérôme Lejeune se revoltou contra uma consequência de sua descoberta: a possibilidade de identificar a trissomia 21 ainda no
embrião e, portanto, permitir à mãe abortá-lo. Engajou-se em campanhas contra a
prática. Mas ela é comum.
"O que a gente sabe, mas é
uma informação não escrita,
extraoficial, é que mais de
90% dos diagnósticos pré-natais de embriões com síndrome de Down são interrompidos hoje neste país",
diz o médico Zan Mustacchi.
A legislação brasileira só
aceita abortos em casos de
estupro e risco de morte para a mãe. Para casos de má-formação do feto, como os de
anencefalia, é necessário ter
uma autorização judicial.
Mustacchi acredita que
cabe aos pais decidir se querem ou não ter um filho
Down. "Não temos o direito
de intervir nessa opinião.
Temos a obrigação de expor
tudo o que existe de favorável e desfavorável", afirma.
Para a geneticista Silvia
Bragagnolo, o aumento de
informações sobre a síndrome começa a reduzir o número de abortos. "Uma parte daquelas mães que abortavam ao saber passou a enxergar esse quadro de uma
maneira diferente, a ver as
habilidades que esse indivíduo pode desenvolver e que
não é tão catastrófico quanto
era antigamente", diz.
Os dois médicos ressaltam
que os Down devem receber
o máximo de informações
para decidir se querem filhos. Para Mustacchi, é "a sociedade [que] não deixa o indivíduo com síndrome de Down transar sem camisinha e ter um filho".
Se só um parceiro for
Down, diz ele, a chance de o
filho também ser Down é de
50%. Se ambos tiveres a síndrome, aumenta para 80%.
A incidência de pessoas
com síndrome de Down no
mundo é de uma para mil
habitantes. No Brasil, estima-se em uma para 750, segundo Mustacchi.
(LFV)
Texto Anterior: Com o terceiro cromossomo 21 Próximo Texto: Médico credita a famílias o papel principal nos avanços Índice
|