São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2000
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Bambu é usado na construção civil, na decoração, serve para despoluir rios, fazer telha, taco e até tirar odor da geladeira
Matéria-prima do terceiro milênio tem mil utilidades

EDUARDO LANG
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Na Ásia, se diz que o bambu pode ser usado desde o berço até o túmulo", afirma o professor de engenharia agrícola da Unicamp Antônio Beraldo. Ecológico e polivalente, o bambu agora ganha o status de material do terceiro milênio.
É mais resistente que o aço e o substitui na construção civil -nas fundações e na sustentação do imóvel, como piso, telha e no acabamento, diz o professor de engenharia da PUC-Rio Khosrow Ghavami.
Mas é no fato de ser um recurso renovável, com baixo custo de produção e pouco poluente, que reside o maior apelo do bambu. A partir do terceiro ano após o seu plantio, pode ser colhido anualmente -uma árvore demora no mínimo 20 anos para poder ser aproveitada na produção de madeira ou carvão. "Sua utilização como substituto da madeira pouparia milhões de árvores por ano", diz Beraldo. Além disso, pode ser plantado em áreas onde a agricultura é inviável.
Já o carvão do bambu tem a capacidade de absorver água. É usado com eficiência para desumidificar ambientes e absorver odores. Um sachê de carvão de bambu resolve de vez odores em geladeiras, calçados ou armários.
Diz a lenda que o bambu foi introduzido na Europa pelo alquimista Avicena, que se encantou com suas propriedades medicinais, hoje estudadas em universidades de todo o mundo. A medicina chinesa lhe atribui o poder de tônico sanguíneo, e uma substância com propriedades semelhantes a da hemoglobina é objeto de estudo no Japão.
Aliás, o Japão é um dos países onde a importância do bambu é mais reconhecida. Em Takehara, subúrbio de Hiroshima, bambus decoram as ruas, as cabines telefônicas têm o formato da planta, e a cidade é sede do Museu do Bambu, onde há um órgão de 7 m de altura, todo de bambu. Em tempo: Takehara quer dizer campo de bambu.
O marceneiro Kimio Ishimtsu (leia entrevista na pág. 17) é um dos maiores conhecedores de bambu no país. Autodidata, ele é um dos poucos detentores da tecnologia para o tratamento da planta. Em São Paulo, o arquiteto Kelly White contabiliza entre suas obras várias casas construídas com bambu. Ele diz que o custo ainda é alto, pois todo o material é importado. "Se alguma empresa beneficiasse o bambu, produzindo telhas e tacos, as casas seriam mais baratas", diz. Ele também produz persianas, luminárias e biombos de bambu. Haja versatilidade.


Mais informações: Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, depto. de Construções Rurais, CP 6011, Campinas, SP, CEP 13083-970; Oficina de Kimio Ishimtsu: tel. 0/xx/11/55-63-5418; Arquias, tel. 0/xx/11/883-0009.


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