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Bambu é usado na construção civil, na decoração, serve para despoluir rios, fazer telha, taco e até tirar odor da geladeira
Matéria-prima do terceiro milênio tem mil utilidades
EDUARDO LANG
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Na Ásia, se diz que o bambu pode ser
usado desde o berço até o túmulo",
afirma o professor de engenharia agrícola
da Unicamp Antônio Beraldo. Ecológico e
polivalente, o bambu agora ganha o status
de material do terceiro milênio.
É mais resistente que o aço e o substitui
na construção civil -nas fundações e na
sustentação do imóvel, como piso, telha e
no acabamento, diz o professor de engenharia da PUC-Rio Khosrow Ghavami.
Mas é no fato de ser um recurso renovável, com baixo custo de produção e
pouco poluente, que reside o maior apelo
do bambu. A partir do terceiro ano após
o seu plantio, pode ser colhido anualmente -uma árvore demora no mínimo
20 anos para poder ser aproveitada na
produção de madeira ou carvão. "Sua
utilização como substituto da madeira
pouparia milhões de árvores por ano",
diz Beraldo. Além disso, pode ser plantado em áreas onde a agricultura é inviável.
Já o carvão do bambu tem a capacidade
de absorver água. É usado com eficiência
para desumidificar ambientes e absorver
odores. Um sachê de carvão de bambu
resolve de vez odores em geladeiras, calçados ou armários.
Diz a lenda que o bambu foi introduzido na Europa pelo alquimista Avicena,
que se encantou com suas propriedades
medicinais, hoje estudadas em universidades de todo o mundo. A medicina chinesa lhe atribui o poder de tônico sanguíneo, e uma substância com propriedades
semelhantes a da hemoglobina é objeto
de estudo no Japão.
Aliás, o Japão é um dos países onde a
importância do bambu é mais reconhecida. Em Takehara, subúrbio de
Hiroshima, bambus decoram as ruas, as
cabines telefônicas têm o formato da
planta, e a cidade é sede do Museu do
Bambu, onde há um órgão de 7 m de altura, todo de bambu. Em tempo: Takehara quer dizer campo de bambu.
O marceneiro Kimio Ishimtsu (leia entrevista na pág. 17) é um dos maiores conhecedores de bambu no país. Autodidata, ele é um dos poucos detentores da tecnologia para o tratamento da planta. Em
São Paulo, o arquiteto Kelly White contabiliza entre suas obras várias casas construídas com bambu. Ele diz que o custo
ainda é alto, pois todo o material é importado. "Se alguma empresa beneficiasse o
bambu, produzindo telhas e tacos, as casas seriam mais baratas", diz. Ele também produz persianas, luminárias e
biombos de bambu. Haja versatilidade.
Mais informações: Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, depto. de Construções Rurais, CP
6011, Campinas, SP, CEP 13083-970; Oficina de Kimio Ishimtsu: tel. 0/xx/11/55-63-5418; Arquias, tel.
0/xx/11/883-0009.
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