IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para muitas crianças brasileiras, o rabanete não passa de um elemento de conto de fadas. Na história de Rapunzel, recontada pelos irmãos Grimm, a mãe da personagem-título, durante a gravidez da menina, teve um desejo irresistível de comer a pequena raiz, fazendo com que o marido invadisse a horta de uma bruxa para roubar os rabanetes. Com tantos vegetais para desejar, logo o rabanete?
Bem, em outros países, versões do mesmo conto apresentam a comida desejada como nabo ou repolho. O que não faz muita diferença, tanto em relação às preferências alimentares nacionais quanto do ponto de vista científico. Rabanete, nabo e repolho fazem parte da mesma família botânica -a das crucíferas, que também inclui brócolis, couve e mais cerca de 3.000 espécies.
"Os vegetais dessa família são especialmente interessantes porque contêm substâncias fitoquímicas como os glicosinolatos, que atuam na prevenção do câncer", afirma Cynthia Antonaccio, nutricionista da USP (Universidade de São Paulo) e diretora da Equilibrium Consultoria em Nutrição.
Além disso, substâncias do rabanete ativam enzimas que ajudam na eliminação de toxinas pelo fígado. Outra vantagem do alimento, segundo a nutricionista, é o seu baixíssimo valor calórico: apenas 14 calorias em 100 g.
Como nem tudo é perfeito, o rabanete tem o inconveniente de provocar gases. Outro problema, mais raro de ocorrer, é o fato de o alimento provocar alergia em pessoas sensíveis ao AAS (ácido acetilsalicílico), por conter salicilatos.
Crocantes e de sabor picante, os rabanetes são ótimos ingredientes para saladas. "São refrescantes e combinam com todas as folhas verdes", afirma o chef Francisco Albano, do restaurante Pateo da Luz, de São Paulo.
Os franceses, que "são "fissurados" em rabanete", segundo Michelle Bunemer, professora de culinária francesa do Centro Universitário Senac, aproveitam a raiz de diversas formas: em sopas e cozidos, glaceada com manteiga e açúcar ou como "crudités" (aperitivos feitos com vegetais crus cortados em tiras, geralmente acompanhados de pastas cremosas de queijos ou ervas).
Bunemer aconselha comprar rabanetes novos, firmes e sem rachaduras na casca e guardá-los na geladeira. Quando ficam velhos, eles adquirem uma textura esponjosa. "Nesse caso, é melhor usá-los em uma sopa", sugere a professora.


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