São Paulo, terça-feira, 21 de setembro de 2010
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Elas foram alisar o cabelo... e viraram militantes contra a 'beleza suja'

Divulgação
Siobhan O'Connor e Alexandra Spunt, autoras do livro "No More Dirty Looks"

DE SÃO PAULO

As jornalistas americanas Alexandra Spunt e Siobhan O'Connor se engajaram na luta por cosméticos seguros após uma infeliz experiência com um produto brasileiro.
A "escova progressiva", feita por US$ 400 a cabeça em um salão chique da Califórnia, custou-lhes também queda de cabelos, irritações nos olhos e na garganta.
Desconfiadas, investigaram a fórmula e descobriram que o que deixava o cabelo liso (e os olhos em brasas) era o formaldeído, tóxico presente em vários cosméticos. Partiram então para a pesquisa de outros produtos. Quase todos tinham substâncias no mínimo controversas.
Daí surgiu o livro "No More Dirty Looks" ("beleza suja nunca mais", Lifelong Books). Leia o que elas contaram à Folha Equilíbrio.

 

Folha- Foi um produto brasileiro que as levou à pesquisa?
Alexandra Spunt -
Sim. Fizemos a "Brazilian Blowout" (escova progressiva) e depois lemos sobre uma brasileira que morreu após fazer a aplicação em casa. Descobrimos que os produtos continham formaldeído em concentração maior que a permitida.
Passamos a questionar por que os cosméticos tinham substâncias tóxicas e por que são aprovadas por lei.

Todo cosmético é "sujo"? Deve-se abrir mão de todos?
Siobhan O'Connor - A questão é que a maioria não sabe o que está usando, mas é convencida pelos efeitos prometidos pelos fabricantes. Se você está informado sobre os riscos associados a certos produtos e mesmo assim quer usar, a escolha é sua. Até nós usamos às vezes algum produto "sujo".
Spunt - Cada um faz o que pode. Se você não vive sem tingir os cabelos, foque em outros produtos e coma os seus brócolis. Porém, se um produto sujo não tem resultados comprovados, como alguns cremes contra rugas ou estrias, abra mão dele.

Que produto vale evitar?
O'Connor - Qualquer um que cubra grandes áreas do corpo, como hidratante corporal ou sabonete. O passo seguinte são produtos para cabelos. É mais fácil mudar o cabelo do que a pele, não? Essa foi a nossa estratégia.
Demoramos mais para dispensar os cremes para o rosto e a maquiagem, mas nossa pele ficou muito melhor depois que os trocamos por produtos limpos.

Quais cosméticos vocês acharam mais difíceis dispensar?
Spunt - Rímel à prova d'água, com certeza.
O'Connor - Desodorante antitranspirante. Sempre tenho um à mão para algum encontro especial.

E o que é mais fácil de trocar?
Spunt - Sabonete, hidratante e esfoliante. É moleza trocar por produtos naturais.
O'Connor - Produtos para o cabelo. Depois que você se acostuma com fato de que os xampus limpos não fazem espuma, é muito fácil.

E a lei, como deveria ser?
O'Connor - A legislação deveria ser mais rígida e então não haveria polêmica sobre qual quantidade que pode causar câncer, qual é aceitável em um produto de beleza. Que tal nenhuma?

A indústria de beleza sobreviveria nesse mundo ideal?
Spunt -
Certamente! Nós amamos os cosméticos. A indústria, limpa ou não, vai continuar. Ela deveria reformular seus processos, mas as pessoas não vão parar de comprar produtos de beleza.


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