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Droga é ingerida em doses menores e promete menos efeito colateral e mais eficácia na guerra contra o mau colesterol
Novo medicamento chega aqui em 2003
CIÇA GUEDES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nem tudo são más notícias para quem está com o nível de colesterol elevado e, portanto, integra o grupo de risco de doenças cardiovasculares,
a principal causa de morte no mundo. Drogas de última geração prometem
reduzir o chamado mau colesterol e ainda manter ou elevar em 8% as taxas
do bom colesterol, tarefa que os medicamentos tradicionais não conseguem realizar. E tudo isso por meio de doses menores e com
menos efeitos colaterais do que as drogas atualmente usadas.
São as as chamadas superestatinas, nova família da estatina, classe de substâncias utilizada há cerca de uma década e
que reduz tanto o mau quanto o bom colesterol fabricado pelo organismo, segundo o nutrólogo José Ernesto dos Santos,
professor da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo em Ribeirão
Preto.
O primeiro representante das superestatinas, cuja substância ativa é a rovuvastatina, chega ao Brasil com o nome de
Crestor, e sua comercialização está prevista para o primeiro semestre de 2003.
Cerca de 70% do colesterol é fabricado
pelo próprio corpo. Os restantes 30% são
fornecidos pela alimentação. Há pessoas
que já nascem com predisposição a produzir mais colesterol do que o organismo
necessita. Nesses casos, só a dieta não
surte o efeito desejado. É preciso recorrer
à medicação.
Outra novidade -não tão boa, mas
importante- é que, para manter as artérias em dia, os níveis de colesterol devem
ser ainda mais baixos do que se pensava
até pouco tempo (leia mais na pág. 8).
Quanto à conhecida recomendação de
que é preciso perseguir hábitos saudáveis
de vida, ela ganha cada vez mais reforço
da ciência.
Você é obrigado a abrir mão da carne
gorda e suculenta ou de doces cremosos
no cardápio do dia-a-dia? O colesterol
não tem culpa por isso. Na verdade, ele é
o grande injustiçado, defende o endocrinologista Adolpho Milech, professor da
Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Sem
ele, não haveria sequer a continuidade da
espécie, pois não produziríamos os hormônios sexuais. O problema é o excesso", diz o médico.
O colesterol é um tipo de gordura produzida pelo fígado e cheio de responsabilidades. Graças a ele, gorduras e proteínas
são dissolvidas para garantir a devida nutrição. O colesterol também participa da absorção da vitamina D e de diferentes processos metabólicos, entre eles o de defesa do organismo. Agora, em excesso no sangue, o colesterol promove um acúmulo de gorduras na parede das artérias e veias, podendo causar o seu entupimento -a chamada arteriosclerose, que pode levar a derrame cerebral, infarto e vários problemas circulatórios.
Espinhas explosivas
As gorduras acumuladas dentro da artéria ou da veia levam o nome de ateromas. Parecem espinhas. "Podem ser pequenas e estáveis e não causar problemas mais sérios, mas podem crescer, ficar com uma capinha mais amolecida, virar uma espécie de furúnculo, entupindo boa parte do vaso", explica o cardiologista Mauricio Wajngarten, diretor do serviço de cardiogeriatria do Incor.
Os primeiros sinais da falta de irrigação -conhecida por isquemia- podem
surgir quando 90% da artéria já estiver
comprometida. Daí para o infarto é um
pulo. "Mas 40% dos infartos acontecem
em razão de placas ou espinhas relativamente pequenas, que permanecem silenciosas, sem sintomas e sem alterações em
alguns exames, até que explodem porque, quando há muito colesterol, o conteúdo do ateroma aumenta, sua capa se
torna muito fina, e a espinha fica mais
vulnerável à explosão", completa Wajngarten, que lança em setembro o interessante livro "Coração - Manual do Proprietário" (MG Editores).
Sinais do estrago
Justamente porque o colesterol elevado não costuma dar sinais enquanto vai fazendo os estragos artéria adentro, seus níveis precisam ser
medidos quando a pessoa chega aos 20
anos de idade.
"O ideal é repetir o exame de sangue
pelo menos uma vez a cada ano", diz o
cardiologista Celso Amodeo, presidente
do Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia (Funcor).
Nos idosos, os sinais da má oxigenação
do corpo como um todo aparecem em
forma de perda de memória, falta de
atenção, dormir enquanto está conversando e dor nas pernas ao andar.
A angina, dor no peito causada pela falta de oxigênio no coração, é também um
sintoma. Por isso é tão importante fazer a checagem dos níveis de colesterol regularmente.
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