São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004
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Eles estréiam na rotina da malhação aos 11 anos

Marcelo Barabani/Folha Imagem
A aluna de street dance Fernanda Ruman, 13 anos


Esportes que vão do surfe ao vôlei, além de musculação, atraem pré-adolescentes para academias; os pais aplaudem a iniciativa

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Da boa e velha Barbie, no caso das meninas, e do fortão Falcon, para os meninos, eles só querem uma coisa: o corpo bem malhado e torneado. Esse pessoal cresceu um bocadinho, uns três, quatro anos, largaram os bonecos e correram para a academia! É uma febre, dizem os especialistas. No último ano, a procura de jovens de 10 a 14 anos aumentou, em média, 55% em três das maiores academias de São Paulo.
Elas vão para emagrecer; eles, para ficar fortes. Jogam, nadam, dançam, lutam, correm e fazem musculação. E pode? Claro -para espanto de alguns pais-, com uma condição, mas pode. O tipo e a quantidade de exercício devem ser feitos sob medida para o aluno.
Na musculação, existem os exercícios de resistência muscular e os de hipertrofia (aumento muscular). O primeiro tipo está liberado para pré-adolescentes, feito com pesos pequenos e elástico, por exemplo. Já o segundo, o popular "puxar ferro", se praticado antes da hora, na melhor das hipóteses não vai levar a nada, ou seja, não fará nenhum efeito. Na pior das hipóteses, ele pode machucar um tendão ou deixar um músculo maior que o outro, por exemplo.
A endocrinologista especializada em medicina esportiva Rosana Bento Radominsky explica que as enzimas dos músculos devem estar "maduras" para que a musculatura responda como deve ao exercício. E quando acontece isso? Esse momento coincide com a maturidade dos hormônios sexuais, ou seja, com a puberdade. O mesmo ocorre com os ossos. A ossatura deve estar formada também.
Exames médicos identificam, segundo Maria Ignez Saito, coordenadora da unidade de adolescentes do Instituto da Criança do HC (Hospital das Clínicas), se o jovem está apto a desenvolver músculos como adulto.
O excesso da atividade errada na puberdade ou antes dela é perigoso. "Sempre que eles fazem muito, tanto exercício aeróbico (corrida, bicicleta) como de musculação, comem pouco", diz Radominsky. "Em meninas, isso pode retardar a menstruação ou suspendê-la." E mais: "Falta de estrógeno e nutrição inadequada levam à falta de aquisição de osso, o que vai resultar em osteoporose precoce".
Quanto aos esportes, não há restrições. Praticado na infância, é eficaz para o resto da vida, principalmente na adolescência. No pico do crescimento -a fase do "bate-daqui-esbarra-dali"-, eles ajudam no equilíbrio, diz a fisiologista do movimento Keila Elizabeth Fontana. Ao praticar pelo menos uma modalidade, duas vezes por semana, os pré-adolescentes melhoram a coordenação motora, a força, a flexibilidade, a resistência aeróbica e fortalecem a estrutura articular, diz Cláudia Cezar, fisiologista do exercício da USP. Isso sem contar a melhora da auto-estima e do humor, dois dos mais valiosos benefícios para quem vive essa fase da vida e para os adultos ao seu redor.


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