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Eles estréiam na rotina da malhação aos 11 anos
Marcelo Barabani/Folha Imagem
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A aluna de street dance Fernanda Ruman, 13 anos |
Esportes que vão do surfe ao vôlei, além de musculação, atraem pré-adolescentes para academias; os pais aplaudem a iniciativa
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Da boa e velha Barbie, no caso das meninas, e do fortão Falcon, para os meninos, eles só querem uma coisa: o corpo bem malhado e
torneado. Esse pessoal cresceu um bocadinho, uns três, quatro anos,
largaram os bonecos e correram para a academia! É uma febre, dizem
os especialistas. No último ano, a procura de jovens de 10 a 14 anos aumentou, em média, 55% em três das maiores academias de São Paulo.
Elas vão para emagrecer; eles, para
ficar fortes. Jogam, nadam, dançam,
lutam, correm e fazem musculação. E
pode? Claro -para espanto de alguns pais-, com uma condição, mas
pode. O tipo e a quantidade de exercício devem ser feitos sob medida para
o aluno.
Na musculação, existem os exercícios de resistência muscular e os de
hipertrofia (aumento muscular). O
primeiro tipo está liberado para pré-adolescentes, feito com pesos pequenos e elástico, por exemplo. Já o segundo, o popular "puxar ferro", se
praticado antes da hora, na melhor
das hipóteses não vai levar a nada, ou
seja, não fará nenhum efeito. Na pior
das hipóteses, ele pode machucar um
tendão ou deixar um músculo maior
que o outro, por exemplo.
A endocrinologista especializada
em medicina esportiva Rosana Bento
Radominsky explica que as enzimas
dos músculos devem estar "maduras" para que a musculatura responda como deve ao exercício. E quando
acontece isso? Esse momento coincide com a maturidade dos hormônios
sexuais, ou seja, com a puberdade. O
mesmo ocorre com os ossos. A ossatura deve estar formada também.
Exames médicos identificam, segundo Maria Ignez Saito, coordenadora da unidade de adolescentes do
Instituto da Criança do HC (Hospital
das Clínicas), se o jovem está apto a
desenvolver músculos como adulto.
O excesso da atividade errada na
puberdade ou antes dela é perigoso.
"Sempre que eles fazem muito, tanto
exercício aeróbico (corrida, bicicleta)
como de musculação, comem pouco", diz Radominsky. "Em meninas,
isso pode retardar a menstruação ou
suspendê-la." E mais: "Falta de estrógeno e nutrição inadequada levam à
falta de aquisição de osso, o que vai
resultar em osteoporose precoce".
Quanto aos esportes, não há restrições. Praticado na infância, é eficaz
para o resto da vida, principalmente
na adolescência. No pico do crescimento -a fase do "bate-daqui-esbarra-dali"-, eles ajudam no equilíbrio, diz a fisiologista do movimento
Keila Elizabeth Fontana. Ao praticar
pelo menos uma modalidade, duas
vezes por semana, os pré-adolescentes melhoram a coordenação motora,
a força, a flexibilidade, a resistência
aeróbica e fortalecem a estrutura articular, diz Cláudia Cezar, fisiologista
do exercício da USP. Isso sem contar
a melhora da auto-estima e do humor, dois dos mais valiosos benefícios para quem vive essa fase da vida e
para os adultos ao seu redor.
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