São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004
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Três horas por dia entre papo e malhação

"Tenho um pouco de gordurinha aqui [apontando para o abdômen] e não quero ter. Como muita bala, chocolate." Parece o lamento de uma mulher cansada de dieta e malhação, mas é de uma garotinha de 11 anos, com "tudo em cima". Para se cuidar, a sorridente Roberta Pelucio faz balé e natação duas vezes por semana.
Entre as freqüentadoras da faixa etária de 11 a 14 anos, Júlia Ludwig talvez seja uma das pioneiras. Ela está com 13 anos, mas há dois treina musculação acompanhada de personal trainer -e ainda faz aula de pilates e treina na esteira e na bicicleta. "Eu quero ficar mais forte. Até emagreci com os exercícios, mas a minha alimentação continua péssima", reclama a mocinha, de 1,60 m e 48 kg.
"Os pré-adolescentes de hoje não são iguais aos de antigamente; 90% são magros, mas ainda assim estão preocupados com o corpo. Eles chegam a passar quatro horas na academia fazendo esporte, paquerando e batendo papo", diz Patrícia Rocha, gerente da academia Runner.
Vera Camargo, que, além de professora de educação física, é pesquisadora do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade da Unicamp, diz que a estética é uma preocupação dessa nova geração. "A mídia mostra nas novelas e nos comerciais pessoas malhadas, com abdômen de tanquinho, estabelecendo parâmetros que influenciam na formação dos pré-adolescentes", diz ela. Em conseqüência, "eles passam a usar a academia como forma de conhecer o corpo e a si mesmos, de se descobrirem e de serem aceitos pelo grupo. Assim como a geração dos anos 80 e 90 foi a dos shoppings, essa recorre à academia."


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