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Três horas por dia entre papo e malhação
"Tenho um pouco de gordurinha aqui
[apontando para o abdômen] e não quero ter. Como muita bala, chocolate." Parece o lamento de uma mulher cansada de dieta e malhação, mas é de uma garotinha de 11 anos, com "tudo em cima". Para se cuidar, a sorridente Roberta Pelucio faz balé e natação duas vezes por semana.
Entre as freqüentadoras da faixa etária
de 11 a 14 anos, Júlia Ludwig talvez seja
uma das pioneiras. Ela está com 13 anos,
mas há dois treina musculação acompanhada de personal trainer -e ainda faz
aula de pilates e treina na esteira e na bicicleta. "Eu quero ficar mais forte. Até emagreci com os exercícios, mas a minha alimentação continua péssima", reclama a
mocinha, de 1,60 m e 48 kg.
"Os pré-adolescentes de hoje não são
iguais aos de antigamente; 90% são magros, mas ainda assim estão preocupados
com o corpo. Eles chegam a passar quatro horas na academia fazendo esporte,
paquerando e batendo papo", diz Patrícia Rocha, gerente da academia Runner.
Vera Camargo, que, além de professora
de educação física, é pesquisadora do
Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade da Unicamp, diz que a estética é
uma preocupação dessa nova geração.
"A mídia mostra nas novelas e nos comerciais pessoas malhadas, com abdômen de tanquinho, estabelecendo parâmetros que influenciam na formação dos
pré-adolescentes", diz ela. Em conseqüência, "eles passam a usar a academia
como forma de conhecer o corpo e a si
mesmos, de se descobrirem e de serem
aceitos pelo grupo. Assim como a geração dos anos 80 e 90 foi a dos shoppings,
essa recorre à academia."
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