DA REPORTAGEM LOCAL

Não são apenas os bebês que exigem cuidados após o parto. Os pais "prematuros" passam por um alto nível de tensão e precisam aliviar esse estresse. Isso levou algumas maternidades a desenvolver ações para ajudar os pais a lidar com a situação. Na Neomater, teve início há um ano um programa destinado ao relaxamento de bebês e de pais e ao estabelecimento de vínculos entre ambos.
São sessões de psicomotricidade, técnica que se assemelha a uma massagem. "Trabalhamos sensações prazerosas promovidas pelo toque. São toques leves com um balanço, que relaxam o tônus muscular", afirma a psicomotricista Luciana Cini Bosisio, que aplica a técnica em pais e filhos -desde que estejam estáveis nas incubadoras- e ensina as mães a tocarem os bebês.
"Muitas têm medo de tocar o filho. O rompimento é muito forte, e muitas mulheres não querem se vincular ao bebê com medo de perdê-lo. O bloqueio é uma estratégia de defesa", explica Bosisio. "Nas UTIs, os bebês são expostos à manipulação constante e à dor prolongada e ficam em um estado de alerta. Eles precisam de estimulações agradáveis."
A Neomater ainda promove uma reunião semanal do grupo de mães na qual, além da troca de experiências, há atividades lúdicas.
A bancária Luciana dos Santos Calvi, 27, até hoje aplica a técnica que aprendeu na Neomater em seu filho Luan, de um ano e dois meses. "A gente fica muito mais sensível. Eu recebia essa massagem na maternidade e conseguia relaxar bastante."
Na maternidade São Luíz, em São Paulo, também há um serviço de massagem e uma sala com televisão e livros à disposicão dos pais.
Para a hoteleira Patrícia Ferreira, 34, que teve filhos prematuros, mesmo pequenos detalhes são importantes, como o fato de os aventais que usou na UTI neonatal do Santa Catarina serem estampados com motivos infantis. "Isso deixa o ambiente mais leve."
A promotora de Justiça Sandra Massud,36, que deu à luz na maternidade do Albert Einstein, conta que o apoio "logístico" que as maternidades dão também é importante.
"Tínhamos uma sala de apoio com sofás, televisão a cabo, armários, banheiro com chuveiro. Tudo isso faz diferença, porque eu não queria sair de perto do meu filho nem um minuto", afirma Sandra.


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