São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002
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Pesquisa traça a relação entre crianças asmáticas e a atitude das respectivas mães; maioria sente desespero e ansiedade

Emoção da mãe afeta crise de asma do filho

GABRIELA SCHEINBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA

As emoções de uma mãe aflita diante da crise de asma do filho podem agravar o quadro da doença. Segundo pesquisa inédita realizada pela alergista e presidente da Sociedade Brasileira de Asmáticos Fátima Emmerson, 49 anos, com cem mães e cem crianças com idades entre oito e 14 anos, o sentimento da maioria das mães é de desespero e ansiedade durante uma crise.

"Esses fatores emocionais podem interferir na crise dos filhos. Cabe à mãe saber controlar as causas e, na hora das crises, transmitir tranquilidade", diz a médica. Além disso, cabe aos médicos ficarem atentos às emoções da mãe. O papel do médico, diz Emmerson, vai além do que se observa nos consultórios: "É importante o médico oferecer o ombro e atender às necessidades de uma mãe ansiosa". É importante mantê-la bem informada. "Dessa forma, durante uma crise, ela se sentirá mais segura e tranquila", diz a médica.

Mitos e superproteção
Aasma, doença respiratória crônica que afeta de 10% a 15% da população mundial, traz embutido em seu sentido muito preconceito. "Muitas mães ainda acreditam em mitos e acabam superprotegendo a criança", afirma. Prova disso são os dados constatados na pesquisa: 53 pacientes dizem que a asma os impede de realizar certas atividades, como correr. "A asma não pode impedir a criança de ter uma vida normal. A mãe precisa ter noção do que é mito e do que é prevenção." Ela reconhece que a superproteção é reflexo da angústia da mãe em ver seu filho sofrendo nos momentos de crise e não poder fazer nada. "Tenho asma até hoje e sinto que meus pais me superprotegeram. Não podia andar descalça ou sair de casa com o cabelo molhado", conta a própria médica. Para a criança, os pais são o porto seguro na hora da crise. Noventa e quatro pacientes disseram se sentir protegidos pela família nesse momento. A maior parte das crianças disseram preferir ficar em casa no momento da crise. "Isso pode ser reflexo da segurança que a criança sente em relação à família. Mas pode também representar a limitação da criança e a superproteção dos pais." Segundo a médica, ficou claro no estudo que a postura da criança é muito influenciada pela atitude materna, fato comprovado especialmente pelas semelhanças nas respostas dos questionários de mãe e filho.

Subestimar a gravidade
A pesquisa mostrou que muitas mães minimizam a gravidade da doença de seu filho. Isso pode estar relacionado a uma dificuldade dela em aceitar a doença da criança. "Toda mãe sonha com um futuro saudável para a sua criança. O fato de ela não conseguir respirar durante as crises, sendo que a respiração é uma das funções mais básicas para a vida, atemoriza."
Mais dados sobre asma e sobre o trabalho realizado pela Sociedade Brasileira de Asmáticos estão no site www.asmaticos.org.br.



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