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Pesquisa traça a relação entre crianças asmáticas e a atitude das respectivas mães; maioria sente desespero e ansiedade
Emoção da mãe afeta crise de asma do filho
GABRIELA SCHEINBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA
As emoções de uma mãe aflita diante da crise de asma do filho podem agravar o quadro da doença. Segundo pesquisa inédita realizada pela alergista e presidente da Sociedade Brasileira de Asmáticos Fátima Emmerson, 49 anos, com cem mães e cem crianças com idades entre oito e 14 anos, o sentimento da maioria
das mães é de desespero e ansiedade durante uma crise.
"Esses fatores emocionais podem interferir na crise dos filhos.
Cabe à mãe saber controlar as causas e, na hora das crises, transmitir tranquilidade", diz a médica. Além disso, cabe aos médicos ficarem atentos às emoções da mãe. O papel do médico, diz Emmerson, vai além do que se observa nos consultórios: "É importante o médico oferecer o ombro e atender às necessidades de uma mãe ansiosa". É importante mantê-la bem informada. "Dessa forma, durante uma crise, ela se sentirá mais segura e tranquila", diz a médica.
Mitos e superproteção
Aasma, doença respiratória crônica que afeta de 10% a 15% da população mundial, traz embutido em seu sentido muito preconceito. "Muitas mães ainda acreditam
em mitos e acabam superprotegendo a criança", afirma. Prova
disso são os dados constatados na
pesquisa: 53 pacientes dizem que
a asma os impede de realizar certas atividades, como correr. "A
asma não pode impedir a criança
de ter uma vida normal. A mãe
precisa ter noção do que é mito e
do que é prevenção."
Ela reconhece que a superproteção é reflexo da angústia da mãe
em ver seu filho sofrendo nos momentos de crise e não poder fazer
nada. "Tenho asma até hoje e sinto que meus pais me superprotegeram. Não podia andar descalça
ou sair de casa com o cabelo molhado", conta a própria médica.
Para a criança, os pais são o porto seguro na hora da crise. Noventa e quatro pacientes disseram se
sentir protegidos pela família nesse momento. A maior parte das
crianças disseram preferir ficar
em casa no momento da crise.
"Isso pode ser reflexo da segurança que a criança sente em relação
à família. Mas pode também representar a limitação da criança e
a superproteção dos pais." Segundo a médica, ficou claro no estudo que a postura da criança é muito influenciada pela atitude materna, fato comprovado especialmente pelas semelhanças nas respostas dos questionários de mãe e filho.
Subestimar a gravidade
A pesquisa mostrou que muitas mães minimizam a gravidade da
doença de seu filho. Isso pode estar relacionado a uma dificuldade
dela em aceitar a doença da criança. "Toda mãe sonha com um futuro saudável para a sua criança.
O fato de ela não conseguir respirar durante as crises, sendo que a
respiração é uma das funções
mais básicas para a vida, atemoriza."
Mais dados sobre asma e sobre
o trabalho realizado pela Sociedade Brasileira de Asmáticos estão
no site www.asmaticos.org.br.
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