São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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Durma bem

Segundo especialistas, o principal na hora de escolher o travesseiro é a altura, que deve formar um ângulo de 90 entre a cabeça e o ombro

PATRÍCIA CERQUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando foi a última vez em que você comprou um travesseiro? Se a resposta é "há mais de três anos", está na hora de renovar o apoio da sua cabeça. A troca é recomendada, em média, a cada dois ou três anos. Em seis meses, ele se transforma em um canteiro de ácaros vivos e mortos -e das fezes deles. Além de quase virar um charco de baba.
"Eliminamos, em média, seis colheres [sopa] de saliva por noite", diz Silmara Rodrigues Bueno, fisioterapeuta, criadora da técnica RPGS (reeducação postural global do sono) e consultora da empresa de travesseiros Duoflex.
Na hora de trocar, modelos não faltam. De veludo de algodão a espuma látex, passando pelos de espuma da Nasa, de fibra siliconizada, de altura regulável, que prometem absorver líquidos rapidamente, com molas, anti-refluxo, de pena e pluma. Além daqueles com apelo de medicina alternativa, como os aromáticos, magnéticos, ortopédicos e com gomos massageadores. "Com o avanço dos estudos na área, os produtos se tornaram cada vez mais específicos", diz Érico Lima, engenheiro têxtil e de produto da MMartan.
O ortopedista Alexandre Cristante, do grupo de coluna do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, diz que a primeira coisa a ser levada em conta na hora da escolha é a altura. "O material do qual é feito é algo subjetivo, que depende do gosto de cada um." Ele acrescenta que não existe no Brasil um selo para avaliar os travesseiros, mas diz que a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia está discutindo o desenvolvimento de um selo de qualidade.
Bueno também ressalta a importância da altura e diz que, se ela está correta, "dá para comprar travesseiro até em supermercado". Difícil é achar um local para deitar no mercado e fazer o teste. Segundo ele, o travesseiro ideal tem de formar um ângulo de 90 entre a cabeça e o ombro para quem dorme de lado.
"A coluna deve ficar reta, tanto a de uma pessoa que dorme de lado quanto a de quem fica de costas. Não recomendamos dormir de bruços", ensina o ortopedista.
Dormir em um travesseiro muito baixo ou muito alto ou ainda numa posição errada pode provocar tensões na coluna cervical ou lombar. Os sintomas podem demorar a aparecer, mas, quando surgem, incluem dor nas costas, formigamento nos braços, incômodo nos joelhos e bater de calcanhares, além de microdespertares.
Em uma pesquisa sobre distúrbios do sono, Bueno descobriu que quase 83% dos problemas eram provocados por uso do travesseiro errado e 73%, por colchão inadequado.
Após dez anos acordando travado, Raphael Celestino Júnior, 78, descobriu em uma consulta com a fisioterapeuta que o motivo de suas dores nas costas era um travesseiro errado: duro, que ele tinha há quase 20 anos e que era "preenchido" com uma colcha dentro da fronha para ficar mais alto.
"Mudei para um modelo macio. Além disso, corrigi a postura para dormir. No dia seguinte, já senti uma diferença, pois acordei com menos dores." A adaptação ao novo travesseiro levou 20 dias. Passados dois anos, ele acorda sem dores.
Não é só o travesseiro certo que acaba com dores: postura correta, atividade física e controle do peso também são importantes.


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