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Durma bem
Segundo especialistas, o principal na hora de escolher o travesseiro
é a altura, que deve formar um ângulo de 90 entre a cabeça e o ombro
PATRÍCIA CERQUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando foi a última
vez em que você
comprou um travesseiro? Se a resposta é
"há mais de três anos", está na
hora de renovar o apoio da sua
cabeça. A troca é recomendada,
em média, a cada dois ou três
anos. Em seis meses, ele se
transforma em um canteiro de
ácaros vivos e mortos -e das
fezes deles. Além de quase virar
um charco de baba.
"Eliminamos, em média, seis
colheres [sopa] de saliva por
noite", diz Silmara Rodrigues
Bueno, fisioterapeuta, criadora
da técnica RPGS (reeducação
postural global do sono) e consultora da empresa de travesseiros Duoflex.
Na hora de trocar, modelos
não faltam. De veludo de algodão a espuma látex, passando
pelos de espuma da Nasa, de fibra siliconizada, de altura regulável, que prometem absorver
líquidos rapidamente, com molas, anti-refluxo, de pena e pluma. Além daqueles com apelo
de medicina alternativa, como
os aromáticos, magnéticos, ortopédicos e com gomos massageadores. "Com o avanço dos
estudos na área, os produtos se
tornaram cada vez mais específicos", diz Érico Lima, engenheiro têxtil e de produto da
MMartan.
O ortopedista Alexandre
Cristante, do grupo de coluna
do Hospital das Clínicas da
Universidade de São Paulo, diz
que a primeira coisa a ser levada em conta na hora da escolha
é a altura. "O material do qual é
feito é algo subjetivo, que depende do gosto de cada um."
Ele acrescenta que não existe
no Brasil um selo para avaliar
os travesseiros, mas diz que a
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia está discutindo o desenvolvimento de
um selo de qualidade.
Bueno também ressalta a importância da altura e diz que, se
ela está correta, "dá para comprar travesseiro até em supermercado". Difícil é achar um local para deitar no mercado e fazer o teste. Segundo ele, o travesseiro ideal tem de formar
um ângulo de 90 entre a cabeça e o ombro para quem dorme
de lado.
"A coluna deve ficar reta, tanto a de uma pessoa que dorme
de lado quanto a de quem fica
de costas. Não recomendamos
dormir de bruços", ensina o ortopedista.
Dormir em um travesseiro
muito baixo ou muito alto ou
ainda numa posição errada pode provocar tensões na coluna
cervical ou lombar. Os sintomas podem demorar a aparecer, mas, quando surgem, incluem dor nas costas, formigamento nos braços, incômodo
nos joelhos e bater de calcanhares, além de microdespertares.
Em uma pesquisa sobre distúrbios do sono, Bueno descobriu que quase 83% dos problemas eram provocados por uso
do travesseiro errado e 73%,
por colchão inadequado.
Após dez anos acordando
travado, Raphael Celestino Júnior, 78, descobriu em uma
consulta com a fisioterapeuta
que o motivo de suas dores nas
costas era um travesseiro errado: duro, que ele tinha há quase
20 anos e que era "preenchido"
com uma colcha dentro da fronha para ficar mais alto.
"Mudei para um modelo macio. Além disso, corrigi a postura para dormir. No dia seguinte,
já senti uma diferença, pois
acordei com menos dores." A
adaptação ao novo travesseiro
levou 20 dias. Passados dois
anos, ele acorda sem dores.
Não é só o travesseiro certo
que acaba com dores: postura
correta, atividade física e controle do peso também são importantes.
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