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coluna social
Teatro aponta caminho das pedras à platéia
Nome:
Marilu Cardoso, 25/ Glauco
de Souza, 21
Disfarce:
autora e diretora de
teatro/ ator
Missão:
criar peças de teatro que
conscientizem moradores da
periferia de São Paulo
Poderes especiais:
as peças
"Sobre as Pedras", que trata da
questão das drogas, e "A
Locomotiva Encantada", para o
público infantil
Acessórios:
cenário, figurino e
música
Inimigo:
desinformação
O casal Marilu e Glauco criou o
que chamam de "teatro documental". Escrevem e montam
peças que retratam os problemas de moradores da periferia de São Paulo. Meta:
dar voz ao público excluído e apontar soluções. E a iniciativa está dando certo.
É comum, após a apresentação, pessoas da platéia procurarem a dupla para
contar que se identificaram com os personagens e para pedir orientação. A peça
em cartaz, "Sobre as Pedras", já mostrou
o caminho das pedras para dependentes
de álcool e drogas, que descobrem, entre
outras coisas, que podem contar com a
ajuda gratuita de centros de recuperação.
Folha - Como tem sido a reação do público?
Marilu Cardoso - O personagem principal
de "Sobre as Pedras" é um alcoólatra. O
filho dele, revoltado com essa situação,
passa a usar drogas e, no final, acaba assassinado por causa de dívidas com traficantes. O pai pede ajuda para largar o vício em um centro de apoio a dependentes. Várias pessoas na platéia, a maioria
pais, que nunca haviam ouvido falar de
centros de apoio, procuram-nos para pedir um contato.
Folha - Onde vocês se apresentam?
Marilu - Em centros culturais. A próxima
apresentação vai ser na mostra de teatro
da casa de cultura da M'Boi Mirim, em
maio. Também estamos fechando com
escolas para mostrar a peça e, em seguida, promover debates.
Folha - Por que teatro?
Marilu - Depois da música, é a melhor
forma de passar uma mensagem séria e
de chamar a atenção. A minha idéia é
aproveitar as histórias do cotidiano e, assim, mostrar a história da comunidade.
Mostrar que arte é a própria vida.
Folha - As pessoas passam por testes para
atuar nas peças?
Marilu - Não. A participação é aberta.
Folha - "Sobre as Pedras" tem passagens fortes, com criança fumando crack e execuções,
mas não chega a chocar.
Marilu - Minha principal preocupação é
não ferir as pessoas que se identificam
com os personagens. Quero mostrar o
que pode ocorrer e que elas têm o poder
de mudar a situação.
Folha - E os nomes dos personagens? Há um
que se chama Reimundo Charles.
Glauco - É uma crítica. Nesse trabalho,
estamos resgatando as origens.
Marilu - Há quem ache bonito nome estrangeiro. Conheço uma menina chamada Leididay e um menino chamado Jonyrivers. Às vezes, o pai coloca nome de gripe.
Folha - É diferente a vida aqui hoje em comparação com a época em que vocês eram crianças?
Marilu - Os problemas sempre foram os
mesmos. Quando uma pessoa vive em
um ambiente muito pobre deixa de ter
consciência do que tem direito. Acha, por
exemplo, que ir ao cinema é luxo. Há
crianças aqui que nunca foram ao cinema ou ao teatro. Os pais também não.
Vejo dois caminhos: ou a pessoa luta para
superar isso, ou se marginaliza porque
desiste de acreditar no lado humano dela.
Algumas pessoas desenvolvem com mais
facilidade o seu lado negativo, outras, o
positivo, e todas precisam de ajuda.
Folha - Qual o sonho de vocês?
Marilu - Comprar um terreno e montar
um centro cultural todo equipado.
Contato para apresentações de teatro e para doações: tel. 0/xx/11/5833-6492, com Marilu.
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