São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2011
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OUTRAS IDEIAS

MICHAEL KEPP - mkepp@terra.com.br

Neologismos americanos


Em filmes recentes, são as mulheres que fazem questão de ter apenas 'amigos com benefícios'

NOS ÚLTIMOS anos, os americanos vêm criando novas palavras e frases para classificar amizades e sexo sem compromisso. Esses neologismos talvez reflitam as mudanças nas atitudes ianques diante dessas relações ou a criatividade verbal da cultura americana. É possível, também, que não reflitam nada.
A expressão "Best Friends Forever" (melhores amigos para sempre), usada pela primeira vez em 2005, no seriado animado "South Park", indica amizade eterna, embora existam poucas desse tipo. Chamar alguém de "meu novo BFF" é quase uma garantia de rompimento rápido.
"Bromance" -fusão das palavras "brothers" e "romance-" indica o amor masculino não sexual. Críticos de cinema empregaram esse neologismo para descrever o vínculo entre um rei inglês gago e seu terapeuta de fala, em "O Discurso do Rei", de 2010.
"Frenemy" ("iniamigo") é um inimigo disfarçado de amigo. Exemplo: um colega de trabalho de quem você gosta, mas em quem não pode confiar por completo porque é um rival capaz de traí-lo. Os "frenemies" são comuns nos locais de trabalho dos EUA, onde a vida pessoal e profissional se entrelaça.
"Un-friend" foi a palavra do ano do "New Oxford American Dictionary" em 2009. "Un-friend" e "de-friend" definem a remoção de alguém da condição de amigo em seu site de relacionamento social. Os internautas diferenciam os "conhecidos virtuais" das pessoas que definem como amigos na vida real.
"Friends With Benefits" (amigos com benefícios) é sexo sem compromisso ou "amizade colorida". Popularizado pelo filme epônimo de 2009, FWB veio substituir o vulgar "fuck buddy" (companheiro de trepada), lançado em "Sex and the City", em 1999.
Em filmes recentes de Hollywood, as mulheres fazem questão de não ter mais que FWB. Em "Amor sem Escalas" e "500 Dias com Ela", de 2009, e "Amor e Outras Drogas", de 2010, as protagonistas exigem sexo sem compromisso, embora os caras com quem contracenam queiram monogamia.
Nesses filmes, as protagonistas percebem que uma relação comprometida é melhor que sexo casual, que a fidelidade traz mais benefícios que FWB. Será que esses filmes mostram que, apesar dos neologismos criados para descrever namoros não convencionais, os americanos ainda se apegam à convenção? Ou apenas mostram o que Hollywood tem de mais convencional -a recusa em abrir mão de uma fórmula de sucesso, o final feliz?

MICHAEL KEPP, jornalista americano radicado há 28 anos no Brasil, é autor do livro "Tropeços nos Trópicos -crônicas de um gringo brasileiro" (Record)
www.michaelkepp.com.br



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