São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2000 |
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boquiaberto Fruta salvou a vida dos marinheiros
Gengivas inflamadas, feridas nas mucosas e na pele, dificuldade para respirar e fraqueza. Esses sintomas, comuns entre os marinheiros na época das grandes navegações, indicavam a ocorrência de escorbuto, doença nutricional provocada pela
falta de vitamina C que pode levar à morte. A
causa era a ração dos tripulantes, escassa e que
não continha frutas e verduras.
Estima-se que, em uma das expedições de
Fernão de Magalhães, 90% da tripulação tenha morrido devido ao escorbuto. O problema era tão sério que os sintomas foram descritos por Luís de Camões em "Os Lusíadas":
"E foi que de doença crua e feia,
A mais que eu nunca vi, desampararam
Muitos a vida, e em terra estranha e alheia
Os ossos para sempre sepultaram.
Quem haverá que, sem o ver, o creia?
Que tão disformemente ali lhe incharam
As gengivas na boca, que crescia
A carne, e juntamente apodrecia".
No século 18, o médico escocês James Lind
descobriu que o escorbuto poderia ser evitado
apenas com a ingestão de frutas, principalmente laranjas e limões. Depois disso, essas
frutas tornaram-se obrigatórias na ração diária dos marinheiros ingleses.
Ninguém sabia, porém, por que essas frutas
evitavam a doença. O mistério só foi solucionado no início deste século, quando o bioquímico húngaro Albert Szent-Gyorgyi, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina de 1937,
isolou a vitamina C. |
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