DA REDAÇÃO

Camomila queimada para afugentar moscas, bicarbonato de sódio misturado com açúcar para matar baratas e alecrim cozido com alho para livrar cães e gatos das pulgas. Dicas como essas são passadas oralmente de avó para neto e, muitas vezes, acabam se perdendo com o tempo.
Para evitar que esse conhecimento desaparecesse, o antropólogo Maurício Waldman, 45, e o engenheiro metalurgista Dan Schneider, 40, passaram cinco anos pesquisando e testando métodos ecologicamente corretos para resolver problemas domésticos variados: da infestação de traças e cupins a certas manchas de estofados ou o cheiro de gordura da cozinha.
O resultado da pesquisa está no livro "Guia Ecológico Doméstico", lançado nesta semana pela Editora Contexto. Eclético, o livro ensina a cultivar hortaliças em apartamento, preparar xaropes, reciclar papel e até fazer compostagem de lixo. "Nós testamos em casa boa parte das dicas. Outras já tinham sua eficácia comprovada em publicações científicas", explica Waldman.
Ele e Schneider são militantes verdes há mais de 15 anos, mas só começaram a se preocupar em achar soluções ecológicas para o cotidiano doméstico quando os respectivos casamentos acabaram e foram forçados a virar "donos-de-casa".
"Participava de comitê contra a exploração da energia nuclear, de apoio aos povos das florestas e contra a caça de baleias. Só quando me separei e voltei a morar sozinho é que me dei conta de que estava lutando por coisas muito distantes, que não faziam parte do dia-a-dia", conta Waldman, que é responsável pelo sistema de coleta de lixo seletiva de São Paulo.
Além de incentivar o uso de materiais não-poluentes para acabar com insetos e deixar a casa limpa, o guia traz 30 páginas com dicas para evitar o desperdício de água, energia e gás e outras 30 sobre a importância da reciclagem de lixo.
Waldman e Schneider levam o conceito de sustentabilidade ao pé da letra e ensinam a reaproveitar quase tudo: sapato velho vira chinelo, e restos de sabão viram desinfetante. Cascas de frutas e legumes se transformam em doces e tira-gostos, e até a água usada para lavar cebolas tem um fim mais digno do que o ralo, servindo de pesticida natural para proteger as plantas dos insetos.
"Os inseticidas domésticos são venenos potentes, têm efeitos colaterais, e muita gente faz uso deles sem saber dos perigos. Alimentos e ervas misturados a produtos inofensivos, como bicarbonato de sódio, podem substituir o inseticida. É mais econômico, ecológico e bem menos perigoso", diz Waldman.
(DANIELA FALCÃO)