São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2000
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firme e forte

Suplemento não é para qualquer um

KARINA KLINGER
DA REPORTAGEM LOCAL

"Quero aumentar a massa muscular." "Estou sempre cansado demais, preciso de mais energia." Queixas como essas são comuns nas academias de ginástica e, geralmente, seus autores acabam recorrendo aos suplementos alimentares para solucioná-las. Na prática, os mais afoitos procuram os produtos baseados na indicação de um amigo ou em conselhos do professor e esquecem que, se não estiver de acordo com sua dieta e suas necessidades, o suplemento trará poucos resultados ou até efeitos indesejados. Se forem ingeridos em excesso, os suplementos podem sobrecarregar os rins ou o fígado e causar outros problemas sérios, como aumento ou perda de peso, intoxicação, dor de cabeça, hipoglicemia, aumento do ritmo cardíaco e desequilíbrio hormonal. Segundo a nutricionista Alessandra Favano, consultora da academia Bio Ritmo, o uso adequado de um suplemento à base de proteínas em equilíbrio com uma dieta balanceada pode proporcionar ganho de massa muscular. "Há uma série de comportamentos que a pessoa deve adotar em função do tipo de exercício que pratica. Não adianta deixar tudo na mão dos suplementos. As orientações incluem levar a sério os horários de refeições, fracionar a ingestão de alimentos ao longo do dia e, com isso, fornecer nutrientes para o corpo com mais frequência e de acordo com a sua atividade física", diz. Geralmente uma pessoa que pratica algum tipo de exercício físico deve compor sua alimentação diária com 55% a 65% de carboidratos, 10% a 15% de proteínas e 20% a 25% de lipídeos. Essa composição muda no caso do atleta profissional. Como sua necessidade nutricional é maior do que a média, o uso de suplementos é quase inevitável.

Alimentação balanceada
Para Julio Tirapegui, professor do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, uma pessoa que faz atividade física regular consegue suprir as necessidades básicas do organismo mantendo apenas uma alimentação balanceada. "Para quem não é atleta, o ideal é ficar atento na hora da feira e não se empanturrar de suplementos. É melhor comer um bife do que complementos industrializados." Especialistas da área esportiva alertam ainda que a eficácia da maioria dos suplementos ainda não foi comprovada cientificamente. "Acredita-se, por exemplo, que a lisina, um tipo de aminoácido, tem o poder de liberar o hormônio de crescimento GH, mas nada foi comprovado, e as pessoas continuam usando com esse fim", afirma Turíbio Leite de Barros, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp. Segundo Barros, somente os isotônicos e a creatina (composto formado por três aminoácidos) apresentam evidências significativas de resultados benéficos. Os primeiros hidratam, e a creatina proporciona aumento de massa muscular. Grande parte dos suplementos disponíveis no Brasil são importados. Para regulamentar esse mercado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou, em março de 98, a portaria nš 222, por meio da qual define a formulação de cinco tipos de suplemento alimentar indicados para pessoas que praticam exercícios físicos.



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