São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CORRIDA

RODOLFO LUCENA - rodolfo.lucena@grupofolha.com.br

Para começar, parece bom


Ainda falta uma política geral e centralizada de estímulo ao esporte escolar

AINDA que no apagar das luzes do atual governo, é positiva a decisão de ampliar os investimentos no esporte de alto rendimento, de olho no desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.
A pedra fundamental da medida provisória assinada na semana passada é o fato de, como bem destacou reportagem da Folha, o governo deixar, "pela primeira vez, o papel de mero financiador do esporte para ter poder de decisão nas estratégias das confederações de cada modalidade".
As confederações deverão, se quiserem receber o dinheiro público, se alinhar com o Plano Nacional do Desporto, um projeto de metas para um prazo de dez anos. Os contratos entre governo e financiadas vão estabelecer objetivos específicos e cobrar resultados, além de prestação de contas detalhada.
Os atletas beneficiados na categoria Pódio também devem encaminhar plano de treinamento, objetivos e metas esportivas e precisam estar ranqueados entre os melhores do mundo.
Essas medidas não vão propiciar, de súbito, o surgimento de recordistas mundiais, mas podem ajudar a desenvolver e burilar talentos já hoje despontando pelos mais diversos rincões do país.
Muitos desses jovens atletas poderiam se desviar do mundo esportivo pressionados pela falta de recursos e pela necessidade premente de ganhar a vida.
Com isso concorda Sérgio Coutinho Nogueira, diretor técnico do clube BM&F Bovespa: "Se forem feitos os investimentos corretos, atletas que já estejam treinando há quatro, cinco ou seis anos podem chegar em boas condições ao Rio-2016".
Ele é secundado por Adauto Domingues, treinador de Marilson Gomes dos Santos: "Os atletas já apareceram e estão por aí competindo. O importante é conduzir a carreira desse atleta para que não se perca até lá".
Para descobrir e gerar talentos, porém, falta ainda uma política geral e centralizada de estímulo ao esporte escolar, que leve aos estudantes o conhecimento de outras modalidades além do futebol e do vôlei. Ou, como diz o medalhista olímpico Vanderlei Cordeiro de Lima: "Precisamos de mais investimentos na educação e na saúde do país, além de tornar "séria" a educação física nas escolas".
O certo é que a geração de talentos no esporte e a "produção" de atletas de alto nível não é uma corrida de cem metros nem mesmo uma maratona. Está mais para uma ultra centoquilométrica. Pelo menos, já foi dada a largada.


RODOLFO LUCENA , 53, é editor do caderno Tec e do blog +Corrida (maiscorrida.folha.com.br), ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (Record)


Texto Anterior: Análise: Efeito placebo é extraordinário e muito mal compreendido
Próximo Texto: Empório: Nutrição, receitas, escolhas saudáveis
Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.