São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2001
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Cursos que formam cozinheiras "light"

Depois do treinamento, o cardápio do dia-a-dia fica mais variado, saboroso e saudável, beneficiando toda a família

Arroz e feijão preparados no capricho, de preferência com um bom pedaço de toucinho ou banha mesmo para dar mais sabor. Combinações como essa, que podem parecer adequadas e saudáveis para a sua cozinheira, são capazes de detonar qualquer plano de fazer a família seguir uma alimentação balanceada.
Para evitar que isso aconteça, algumas clínicas de nutrição oferecem treinamento específico para funcionários domésticos. Durante o curso, eles aprendem a cozinhar com pouco óleo, evitar frituras e preparar cardápios mais elaborados, que podem variar de acordo com a necessidade ou o objetivo da família para a qual trabalham (emagrecer, manter a boa forma, diminuir o colesterol etc.).
Não há nenhum pré-requisito para participar dos cursos, exceto ser alfabetizada, pois os cardápios e as receitas são passados por escrito.
A chance de aprender parece entusiasmar as alunas. Jeonice Ferreira de Brito, 39, trabalha há 12 anos para a mesma família e estava empolgada na aula da professora de culinária Virgínia Jackel, da RG Nutri Consultoria Nutricional. "Hoje mesmo vou testar as receitas", afirmou, atenta ao cardápio light composto por sopa de abóbora com gengibre para a entrada, frango com pimentões como prato principal e abacaxi grelhado com molho de ameixa vermelha para a sobremesa.
Ter suas refeições preparadas por uma pessoa que sabe a diferença para a saúde entre fritar e grelhar um bife pode fazer muita diferença. A professora de educação física Sandra Curi, 40, não revela o peso atual, mas garante que já perdeu 3 kg desde que Silvana de Faria, sua cozinheira, fez o treinamento há 15 dias.
Silvana trabalha há 15 anos para a família de Sandra, que é casada e tem dois filhos adolescentes. "Ela adorou fazer o curso, aprendeu todas as receitas. Agora ela faz desde o trivial até sobremesas pouco calóricas mais elaboradas. Nunca foi tão gostoso comer", afirma Sandra.
Embora satisfeito com o desempenho de sua cozinheira após o treinamento, o fotógrafo André Bocato, 46, acha que é possível melhorar. "Eu ainda sonho que, um dia, ela vai aprender culinária japonesa." Bocato, que mora com uma filha adolescente, procurou a nutricionista Patrícia Bertolucci, da Clínica do Movimento, para entrar em forma. "Eu era absolutamente sedentário e resolvi mudar. Emagreci 13 kg e corri a maratona de Nova York", conta.
Além de orientá-lo pessoalmente, Patrícia deu um treinamento em domicílio para a cozinheira de Bocato, que acha que o investimento valeu a pena. "Não adianta saber como comer corretamente se a cozinheira não sabe preparar os pratos. Ela tem de ter idéia de que o creme de leite pode ser trocado pelo iogurte natural. Sem um treinamento mínimo, ela vai sempre achar que a alimentação se resume ao arroz com feijão", afirma ele.
Como Bocato, há muitos homens preocupados com a forma física. Patrícia atende em média 120 pacientes por mês e afirma que cerca de 60% deles são homens. "Neles, por alguma razão que eu não consigo explicar, os resultados da alimentação balanceada geralmente aparecem mais rápido", diz a nutricionista.
Já que demoram mais a sentir os benefícios de uma dieta saudável, algumas mulheres são mais precavidas. É o caso da publicitária Maria Beatriz Cunha Mendonça de Almeida, 32. Ela procurou Patrícia há cinco anos, quando ficou grávida pela primeira vez e engordou alguns quilinhos. "Fiz reeducação alimentar e me senti bem melhor."
Como pretende engravidar novamente até o final deste semestre, Maria Beatriz decidiu se antecipar e pagou, em fevereiro, um curso para Edite Araújo, sua cozinheira. O controle sobre a alimentação, porém, não parou no treinamento. "Toda semana, eu recebo por fax um cardápio com o que eu devo ingerir, e a minha empregada prepara os pratos", afirma.


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