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inspire respire transpire
Treino sem neve
Antes de fazer as malas para a temporada de esqui no hemisfério Norte, é preciso preparar o condicionamento físico e adaptar o corpo aos movimentos do esporte; academias têm programas específicos
FLAVIA GALEMBECK
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enquanto boa parte
dos brasileiros disputa um lugar ao sol nas
praias, um pequeno
mas crescente grupo finaliza os
últimos preparativos antes de
embarcar para a temporada de
neve no hemisfério Norte. Mas,
diferentemente do que muitos
acreditam, é necessário ter um
nível mínimo de condicionamento físico para esquiar com
segurança. "Muitas pessoas se
machucam no primeiro dia
porque não têm resistência física", afirma o ex-campeão brasileiro de esqui alpino e comentarista do canal pago ESPN, André Spínola, 30.
Chegar sedentário à montanha pode significar maior tempo de adaptação à menor quantidade de oxigênio no ar, cansar-se mais rapidamente e aumentar as chances de lesões.
Em você e nos outros.
Que o diga a advogada Lucy
Silva Prado Arnhold, que, em
fevereiro de 1999, aos 49 anos,
sofreu a primeira lesão ao ser
atropelada por um outro esquiador brasileiro na Itália. Por
falta de condicionamento, o homem não conseguiu fazer uma
curva na pista de esqui alpino
(uma das modalidades mais conhecidas no Brasil).
"As pernas dele travaram, e
ele não conseguiu flexioná-las
por causa da combinação de
cansaço e de falta de condicionamento físico. Minha tíbia e
meu perônio foram quebrados.
Passei por uma cirurgia e por
vários meses de fisioterapia."
Começando do zero
A preparação física para uma
temporada de esqui inclui fortalecimento muscular, condicionamento cardiorrespiratório e, principalmente, simulação de movimentos do esporte.
Para Alexandre Lopes Dias,
fisioterapeuta, doutor em biomecânica pela USP (Universidade de São Paulo) e treinador
de bobsled (espécie de corrida
de trenós), quem nunca esquiou e é sedentário deve fazer
um treinamento de força muscular, três vezes por semana,
para desenvolver habilidade
motora e massa muscular por,
no mínimo, seis a oito semanas
antes do embarque.
"Nas quatro primeiras semanas, o indivíduo deve se concentrar no trabalho de força.
Depois, nas outras quatro semanas, o foco deve passar para
o trabalho específico, e a musculação fica mais leve", complementa o personal trainer
José Luís Ribeiro.
Como no país não há neve, é
impossível fazer uma preparação completa. A saída é fracionar os movimentos usando cama elástica ou bolas para que,
ao chegar na neve, eles estejam
"gravados" na memória do corpo. Segundo Ribeiro, a adaptação dos movimentos no gelo leva de um a quatro dias.
O treinamento deve priorizar os membros inferiores
(quadril, coxa e joelho), mas o
resto do corpo não deve ser negligenciado, especialmente a
musculatura lombar (o tronco),
a cintura pélvica (quadris) e a
cintura escapular (musculatura dos ombros), que são usadas
principalmente na sustentação
do corpo e nos movimentos para restaurar o equilíbrio.
Exercitar a contração isométrica (movimentos que trabalham simultaneamente as duas
pernas ou os braços) e trabalhar o equilíbrio usando bolas
ou outros equipamentos também ajudam a estimular o controle muscular que será empregado, por exemplo, nas descidas, em que as pernas ficam paralelas nos esquis.
Além disso, deve haver ao
menos uma atividade aeróbica,
como corrida ou ciclismo, para
ajudar a aumentar a resistência. "Desenvolver uma boa capacidade cardiorrespiratória é
fundamental para quem planeja se exercitar na altitude, em
que há menor oferta de oxigênio. Um indivíduo fisicamente
ativo consegue se adaptar mais
rapidamente ao ar rarefeito",
explica Dias, acrescentando
que a resposta cardiorrespiratória costuma vir antes mesmo
da muscular.
Depois que a base está preparada, resta chegar à neve e se
concentrar no aprendizado de
como manter o equilíbrio e dominar os conceitos básicos da
prática de esqui. "Ficar em pé é
difícil. Cair é uma certeza. Então, o melhor é se preparar para
que a queda seja suave", acrescenta Dias.
ONDE TREINAR
Alto Leblon Centro Esportivo tel. 0/xx/21/2294-8045
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