São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 2011
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

PRIMEIRAS HISTÓRIAS

"A gente pegava o telefone e a moça falava: número, por favor?"

"De mais antigo que eu lembro... Eu nasci na Itália, então quando eu vim para o Brasil, vim num navio, e a única coisa que eu guardei dessa viagem é que uma hora eu fiquei com vontade de comer maçã e resolvi descascar com uma faca.
Quando fui descascar, cortei a mão. Ficou a marca por muito tempo, teve que fazer curativo. Eu tinha cinco anos.
Lembro também de um primo que ficou na Itália. Quando minha família foi sair de casa, ele estava numa bicicletinha no terraço e deu tchau.
Depois que cheguei no Brasil, lembro da minha mãe numa casa com dois cachorrões enormes, brancos e malhados de preto. E todo mundo tinha pavor deles.
Depois, mudamos para uma rua que hoje é a Radial Leste, em São Paulo. E do lado da nossa casa tinha uma fábrica. Um dia minha mãe encontrou um cano da fábrica soltando restos de material que eles usavam. Ela pegou o telefone e ligou para a prefeitura. A gente pegava o telefone e a moça falava: Que número, por favor? Eu tinha sete anos.
Aí o homem veio e multou a fábrica.
Nessa época, São Paulo era uma beleza, não tinha nada. Eu fui para a escola e lembro que era muito falante. Falava com todos na rua. A gente subia a avenida a pé e pegava ônibus na praça da Sé.

Giannina Signorelli, 82, aposentada


Texto Anterior: "Quando a gente viaja, meu pai me dá uma coisa para eu lembrar"
Próximo Texto: Empório: Nutrição, escolhas saudáveis, vida mais fácil
Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.