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Vertical radical
Correr pelas escadas de arranha-céus é a nova mania esportiva das metrópoles. Na primeira prova brasileira, 600 pessoas enfrentaram 765 degraus de um prédio em São Paulo
IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os corredores se preparam
para a largada, mas não vão
percorrer pistas nem circuitos de rua. Eles terão de vencer centenas de degraus para
chegar ao topo do prédio.
É a corrida vertical, que já
tem adeptos em vários países
e acaba de chegar a São Paulo. O desafio é subir as escadarias de prédios no menor
tempo possível.
A primeira prova no Brasil
foi realizada domingo, no
Edifício Nestlé, no Brooklin.
A procura foi tão grande que
as 600 inscrições se esgotaram antes do prazo.
"As metrópoles têm vocação para a corrida vertical,
uma vez que 80% das pessoas moram ou trabalham
em edifícios", diz Marco Scabia, sócio-diretor da Mix
Brand Experience, agência
organizadora do evento.
A modalidade é mais popular na Espanha, Alemanha
e Inglaterra. Existe até um
circuito mundial de Corrida
Vertical, que inclui provas no
Empire State, em Nova York,
e na Taipei 101 Tower, em
Taiwan, o segundo edifício
mais alto do mundo.
Dez atletas estrangeiros
participaram da prova em
São Paulo, entre eles o italiano Marco De Gaspari, um dos
mais rápidos do mundo na
modalidade.
Entre os benefícios da corrida vertical estão a perda de
peso, condicionamento cardiovascular e trabalho da
musculatura das pernas.
O gasto calórico é dez vezes maior do que o da corrida
comum. Ou seja, as calorias
que um atleta gasta em 10 minutos subindo degraus, ele
levaria 100 minutos para
queimar correndo na rua.
A nutricionista Taciana
Luciano já participa de corridas de rua há dois anos e resolveu experimentar a corrida vertical. "Eu nunca tinha
ouvido falar e me interessei,
achei curiosa", diz.
Para enfrentar os 765 degraus do edifício onde foi realizada a prova, Taciana reforçou os exercícios de musculação para as pernas e trocou
o elevador pelas escadas.
Ao participar de um simulado da corrida, viu como é
importante estar com as pernas fortalecidas. "É quase
uma prova de explosão, exige mais força. Quando o fôlego acabar posso contar com
as pernas", acredita.
As competições são curtas.
Em edifícios como o da prova
em São Paulo, com pouco
mais de 700 degraus, os atletas de elite chegam ao topo
em 4 minutos e os amadores
completam a corrida com
tempos entre 10 e 12 minutos.
Taciana afirma que a sensação de cansaço é diferente
na corrida vertical e na de
rua. "Na rua você sente um
desgaste geral, do corpo inteiro; ao subir as escadas correndo, a respiração fica mais
difícil, dá para perceber que
exige mais do sistema cardiorrespiratório".
Para participar da corrida
vertical em São Paulo, os corredores tiveram de apresentar atestado médico atualizado e um currículo das últimas provas que realizaram.
Os homens foram a maioria
entre os inscritos: 75%.
Para a caminhada vertical,
opção para subir as escadarias andando, os números se
inverteram e as mulheres totalizaram 75%.
As competições de corrida
vertical são coordenadas pela Federação Internacional
de Skyrunning, que já organizava escaladas ao ar livre e
passou a promover as corridas em arranha-céus.
O risco de lesões nos joelhos não é maior na corrida
vertical. "Quem tem a anatomia normal não terá problema com essa prática", afirma
o cirurgião de joelhos Antonio Masseo de Castro, ortopedista especializado em medicina do esporte da Escola
Paulista de Medicina.
Ele conta que algumas
pessoas são naturalmente
propensas, por causa de sua
constituição física, a ter problemas na patela (parte da
frente do joelho).
"Quando começam a praticar step, montanhismo ou
ski, elas passam a apresentar
dor e culpam a atividade física. Mas o problema já existia
e só apareceu com a sobrecarga", afirma.
O preparador físico Marcos
Paulo Reis explica que, ao fazer atividade em escada, o
risco de lesão diminui na subida porque o impacto é
maior ao descer os degraus.
Para quem quer começar a
subir escadas para se exercitar, Reis alerta que os três primeiros andares costumam
ser os mais difíceis. Passada
essa primeira fase, a tendência é entrar no ritmo.
O risco de lesão aumenta na descida; o impacto é maior ao descer os degraus
Para iniciantes na prática, os três primeiros andares costumam ser os mais difíceis
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