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Economia um ano mais duro

CHINA, EUROPA E EUA VÃO CRESCER MENOS, E O RISCO MAIOR PARA O BRASIL É UM DESARRANJO MAIS SÉRIO NO VELHO MUNDO

Danilo Zamboni

VINICIUS TORRES FREIRE
COLUNISTA DA FOLHA

As economias de China, Europa e Estados Unidos vão crescer menos em 2012.

"Menos", na China, significa passar de um avanço do PIB na casados 9% para a casa dos 8%. Nos Estados Unidos, algo um pouco abaixo do crescimento de 2011: 1,5% em 2012. Na União Europeia, algo abaixo de zero, uma recesão suave, a princípio.

Esse é o cenário entre economistas mais ponderados e menos pessimistas. Mas há os ponderados pessimistas.

O risco maior, para o mundo e para o Brasil, é um desarranjo europeu mais sério. No cenário "ponderado" básico, o Brasil pode até crescer mais que os 3% que economistas de banco e de consultorias privadas preveem para 2012 -ritmo parecido como de 2001. O crescimento extra dependeria do estímulo do governo à atividade econômica e do tamanho da inflação que se vai tolerar.

O empecilho maior estaria na dimensão e da frequência dos desarranjos europeus.

Não está no horizonte próximo (2012), nenhuma solução que evite choques ou catástrofes na União Europeia.

"Solução" quer dizer: 1)Uma "união fiscal", que sujeitaria os países aos controles sobre gastos, mas ao mesmo tempo transferiria recursos de nações mais ricas para países em dificuldades; 2)Financiamento sem limite para países e bancos quebrados por parte do Banco Central Europeu e de governos.

O primeiro semestre será difícil. Os países europeus precisam refinanciar parte grande de suas dívidas. Por volta de fevereiro, espera-se que a Europa apresente uma saída para si. Como dificilmente haverá saída breve, será um período muito tenso.

Assim, tende a durar o temor de que um governo dê um calote e de que bancos quebrem. Apenas tal medo tem consequências graves.

O crédito bancário diminui: menos crédito reduz o crescimento europeu e, também, dificulta o comércio mundial. O medo contínuo deve provocar volatilidade recorrente nos mercados financeiros, o que diminui a confiança de consumidores e empresários pelo mundo.

No Brasil isso pode ser sentido por meio de quedas nas Bolsas, falta de crédito e variações abruptas do dólar. Empresários temerosos investiriam menos, consumidores assustados comprariam menos: a economia, pois, cresceria menos.

No caso de desastre (calote de um país) ou catástrofe (desmonte da zona do euro), haveria uma crise parecida com a de 2008, pelo menos. Nesse caso, é provável que o Brasil não cresça nada. Pelo menos.

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