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Cidade parada

DE ACORDO COM A CET, O TRÂNSITO EM SÃO PAULO ESTÁ FICANDO MENOS LENTO. MAS NÃO é BEM ISSO QUE SE VÊ NAS
RUAS REPLETAS DE AUTOMÓVEIS

ANDRÉ MONTEIRO
DE SÃO PAULO

As conversas na fila do banco e no elevador são quase sempre sobre o tempo, mas em São Paulo há outro assunto campeão de audiência nessas situações: o trânsito.

Para surpresa de muitos motoristas, o monitoramento oficial, da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mostra que os índices gerais de lentidão têm melhorado nos últimos anos.

Isso porque a companhia compara o tamanho dos congestionamentos com o restante da cidade.

Como a quantidade de vias monitoradas cresceu nos últimos anos, problemas graves nos principais corredores podem estar diluídos na frieza das estatísticas.

"Independentemente do levantamento, os congestionamentos são reincidentes. Estão sendo comuns em locais que não eram anos atrás", diz Thiago Guimarães, mestre em planejamento urbano e pesquisador de um instituto de transportes em Hamburgo, na Alemanha.

Uma coisa é certa: os grandes congestionamentos continuam ocorrendo. Nos últimos cinco anos, sempre houve pelo menos um dia em que as filas de carros parados passaram dos 200 km.

"O trânsito hoje atrapalha negócios, a vida pessoal. É um transtorno muito grande, que impede que a pessoa aproveite a vida de uma maneira mais produtiva", diz o engenheiro Sérgio Ejzenberg, mestre em engenharia de transportes pela USP.

MAIS RUAS, MAIS CARROS

As reclamações também aparecem nas pesquisas de opinião. De acordo com pesquisa feita pelo Ibope a pedido da Rede Nossa São Paulo, o paulistano dá nota 4,3 para "trânsito/transporte", numa escala que vai até 10.

Para os especialistas, a mudança desse quadro passa por priorizar os investimentos no transporte público.

"É um ciclo: abrem mais ruas, surgem mais carros, e o trânsito congestiona. Pode até melhorar momentaneamente, mas ao longo prazo não adianta nada", diz Guimarães, que também defende políticas de restrição ao automóvel. "Há grande resistência mas, enquanto o paulistano fizer cara feira para instalação de ciclovias, pedágio urbano e calçada mais larga, não vejo solução."

"Não tenho nada contra o carro, mas devem existir outra opções. Se todos pudessem usar mais o metrô, o trânsito, mesmo ruim, não afetaria a vida de 80% da população", diz Ejzenberg.

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