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Antes que a casa caia

MORADORES DA VILA MADALENA, NA ZONA OESTE, FAZEM ABAIXO-ASSINADO PARA QUE o BAIRRO SEJA TOMBADO; MEDIDA TENTA CONTER NOVOS PRÉDIOS NO LOCAL

NATÁLIA CANCIAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Maria Rosa, 60, viu o muro da casa onde mora na Vila Madalena crescer com o tempo. De um contorno baixo que marcava o terreno para um paredão de quase 13 metros de altura.

Maria não desanimou. Espalhou vasos de plantas para decorar a parede e montou uma revistaria para conviver com os novos vizinhos.

"Prefiro viver ao lado dos prédios a ter que pegar a Raposo Tavares", diz.

Principal reduto da boemia paulistana, a Vila Madalena é um dos melhores exemplos de como a vida se transforma rapidamente em São Paulo.

Até meados dos anos 1980, o local era predominantemente residencial, com suas casinhas térreas e mercearias. Hoje, bares e restaurantes começam a dividir espaço com lançamentos imobiliários -a maioria prédios comerciais de alto padrão.

Moradores já sentem as transformações, impulsionadas pela chegada do metrô. E mais devem vir até 2013, quando fica pronto o shopping que será construído ao lado da própria estação Vila Madalena do metrô.

Em menos de um ano, a vendedora Nádya Ruman, 66, diz que perdeu a conta de quantas casas viu sumir da paisagem a caminho do trabalho."Dá dó."

Os tapumes vermelhos de obras espalhados pelo bairro também geram desconfiança. "Mais 20 prédios? Isso aqui vai virar a Nova Délhi", reclama o fotógrafo Fernando Costa Netto.

MOVIMENTO

Enquanto construções invadem o cenário, não faltam tentativas para bloquear a verticalização. As ações vêm dos próprios moradores.

Na última semana, um abaixo-assinado virtual que pedia o tombamento do bairro reuniu mais de 700 assinaturas em apenas quatro dias.

Mas o movimento, cujo slogan é a frase "Antes que a casa caia", perdeu força. Agora, os moradores se organizam para fazer um "plano de bairro", nos moldes do plano diretor de São Paulo.

O objetivo é incentivar pequenos ateliês, criar praças, instalar bulevares e solicitar mudanças no trânsito.

O projeto tem auxílio da Idea!Zarvos, incorporadora responsável por pelo menos dez tapumes vermelhos espalhados na região. O sócio-fundador da empresa, Otávio Zarvos, afirma que há apenas três obras em curso.

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