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A cara da vanguarda

GALERIAS DE ARTE E BALADAS ATRAEM ARTISTAS E MODERNINHOS PARA A BARRA FUNDA, NA ZONA OESTE; À BEIRA DOS TRILHOS, O BAIRRO MUDA RAPIDAMENTE DE CARA

DE SÃO PAULO

De 1850 até hoje, a Barra Funda, na zona oeste, já foi uma chácara, se transformou em reduto de imigrantes italianos, virou região industrial, até se tornar o novo bairro das baladas paulistanas.

Hoje, a região, com seu misto de casinhas e grandes galpões vazios -além dos prédios que começam a chegar-, atrai artistas em geral, que vêm se mudando para lá.

Mas a maior mudança está por vir. Como outras áreas da antiga orla ferroviária, a região é foco de um projeto de reurbanização que pretende levar cerca de 60 mil pessoas para o bairro nos próximos 10 a 15 anos.

Onde hoje há grandes galpões sem uso e casas, haverá um mar de prédios. A perspectiva e a valorização dos imóveis assusta alguns moradores, como Adriana Costa Campos, que mora na antiga vila ferroviária da estrada de ferro Sorocabana.

"Sempre tem algum boato de que vão fazer um condomínio aqui", lamenta.

O pai dela, Nélson Costa, 82, trabalhou desde os 14 anos até se aposentar como "conferidor" de mercadorias e bagagens na antiga ferrovia, que levava o café do interior ao porto de Santos, e, a partir de 1920, passageiros também.

Quando a família chegou, vinda de Sorocaba, "era tudo brejo". Na folga, "tinha jogo no campo, onde é hoje o metrô [estação Barra Funda] e o campus da Unesp".

Mas os vizinhos, "todos ferroviários", também se reuniam para jogar cartas e assistir a filmes mudos projetados na rua por um dos moradores, amante do cinema.

E Nélson ainda lembra de quando a rua terra de sua casa foi asfaltada, mediante taxa paga à prefeitura.

Para ele, "naquela época era muito mais gostoso viver ali, não tinha ladrão, não tinha nada", recorda.

Ciente de que tudo pode mudar muito rapidamente, Adriana, filha de Nélson, foi conferir os preços de apartamentos próximos ao Playcenter, logo ao lado.

Ela se assustou a ver que, se for sair dali, terá de pagar R$ 8.400 pelo metro quadrado, preço similar ao de bairros como o Jardim Paulista.

PIONEIRA

Uma parte dos que chegam à Barra Funda é atraída pelo surgimento de galerias de arte, bares e baladas, e por uma atmosfera "cool" que o local ganhou nos últimos anos.

A professora de arquitetura da FAU-USP, Maria Luiza Corrêa, 64, mudou para o bairro porque percebeu que pessoas ligadas a profissões criativas estavam montando seus escritórios por ali. "E porque a Vila Madalena já estava muito cheia".

Há nove anos, ela comprou e reformou um pequeno galpão industrial de 1920, onde montou sua casa e seu escritório.

(VANESSA CORREA)

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