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A revolução silenciosa do vento

Foi no período da Eco-92 que o Nordeste recebeu o 1º catavento; devagar, a limpa energia eólica aumenta a presença no país e cumpre sua vocação de fonte complementar

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O primeiro gerador de energia eólica do Brasil foi instalado há duas décadas, em Fernando de Noronha, quando a Eco-92 discutia ambiente e desenvolvimento. Era menor e mais rudimentar que as turbinas de hoje, mas tirou da escuridão moradores das ilhas, que só contavam com um gerador a diesel.

A energia dos ventos tem presença tímida na matriz energética brasileira -1,26% do total-, mas vem conquistando território sem alarde. Até 2020, deve representar 7%, prevê a EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Uma combinação de subsídios, redução de impostos como ICMS e IPI, aumento da eficiência dos equipamentos e crise internacional (que trouxe investidores ávidos pelos ventos brasileiros) ajudam a explicar a revolução silenciosa da energia eólica.

O salto veio mesmo em 2011, quando o preço do MWh (megawatt/hora) da energia eólica alcançou R$ 100 e se tornou paritário com o das grandes hidrelétricas (R$ 91). Em 2004, produzir energia eólica custava R$ 300 o MWh. Foi nessa época que o governo começou a subsidiar fontes alternativas, por meio do Proinfa, programa criado após o apagão de 2001.

"A eólica saiu de uma condição subsidiada para a de uma energia competitiva. Agora, é preciso fortalecer a indústria de equipamentos", diz Elbia Melo, presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).

PRETENSÃO

Hoje existem 71 parques eólicos instalados no Brasil. Eles produzem 1.400 MW de energia. Há mais 55 parques em construção, que devem fornecer mais 1.500 MW. Parece pouco, comparado ao que produz a hidrelétrica de Itaipu, que tem uma potência de 14 mil MW. Mas já supre as necessidades de 12 milhões de pessoas.

"A pretensão da eólica não é substituir os grandes projetos, e sim ser complementar. Uma alternativa às termelétricas, mais poluentes, que entram em operação nos horários de pico", diz Melo.

A espanhola Iberdrola é uma das empresas que investem no Nordeste, região promissora para a energia dos ventos. Está construindo dez parques na Bahia e no Rio Grande do Norte, em um investimento de R$ 1,2 bilhão.

"A eólica permite conciliar boa rentabilidade, aumento de renda para a população local, empregos qualificados, capacitação e baixo impacto ambiental", diz Laura Porto, diretora de operações da Força Eólica do Brasil (parceria da Iberdrola com a brasileira Neoenergia).

Além das empresas, as universidades também se movimentam para dar sustentação técnica ao avanço dessa fonte. A Coppe, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), está estruturando o Centro de Tecnologia em Energia Eólica, com um time de 20 pesquisadores.

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MELHOROU, MAS AINDA FALTA MUITO

Desde 2004, o investimento em energias renováveis subiu 540%, segundo as Nações Unidas. A produção de energia solar é hoje 300 vezes maior do que era há 20 anos -e a eólica, 60 vezes maior. Essas duas fontes de energia, porém, representam somente 0,3% da oferta mundial.

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