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Sob um novo olhar

A convite da Folha, um cartunista e um grafiteiro fazem releituras de fotografias históricas de Ribeirão, com os coronéis do café e uma enchente de 1927

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

A água chegava quase na cintura do cidadão de paletó e chapéu na Ribeirão Preto do início do século 20. Ao lado, outro morador usava um barco para fugir da inundação.

Eram as águas de março de 1927. O ribeirão Preto não suportou a carga de chuva e a água avançou pelo leito da rua Guatapará. Na mesma década, outra foto revela uma cena típica do passado da cidade.

Com trajes que permitiam que se distinguissem dos moradores comuns, três autoridades conversam. Dois são os coronéis Arthur Diederichsen e Francisco Schmidt.

Cenas congeladas pela fotografia do início do século, guardadas no Arquivo Público e Histórico do município, ganharam um novo olhar por meio de dois estilos de arte da contemporaneidade.

A convite da Folha, dois artistas de Ribeirão fizeram sua interpretação de cenas do passado da cidade por meio do cartum e do grafite.

A Folha apresentou ao cartunista César Augusto Vilas Boas, 59, o Pelicano, e ao grafiteiro Jean Denizard Machado, 31, o Bíu, uma série de fotografias do arquivo.

Bíu escolheu os coronéis Diederichsen e Schmidt para fazer releitura com o grafite. Os dois adquiriram de outro grande produtor a fazenda Monte Alegre, a mesma em que, em 42, o Estado criou a Escola de Agricultura Getúlio Vargas, que, por sua vez, em 1952 viraria a USP.

Bíu decidiu manter os tons cinzas da foto da década de 1920, no trabalho produzido no Centro Cultural Quintino 2.

Acrescentou, porém, elementos: em vez de segurar seus chapéus, brindam com xícaras de café -uma alusão à produção da bebida.

O grafite reproduz, ainda, prédios históricos, caso do Pedro 2º, e faz menção às palmeiras-imperiais que por décadas eram um cartão-postal.

Já o cartunista Pelicano decidiu usar na releitura o tom da crítica social, muito presente em seus cartuns. Entre as fotos do arquivo, Pelicano escolheu um problema antigo da cidade: as enchentes.

Em sua releitura, saem o barco e os moradores de chapéu de 1927, entra um congestionamento de carros -provável novo problema da cidade dentro de alguns anos-, todos boiando na Guatapará inundada. "Escolhi a foto para fazer a comparação da imagem daquele tempo para cá. Não mudou muita coisa."

Veja o vídeo da produção do grafiteiro Bíu

folha.com/no1104688

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