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Zona norte quer mais shoppings

Região concentra apenas três grandes centros de compras, enquanto a zona sul da cidade tem 27

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Nascida no Tucuruvi nos tempos em que as ruas do bairro eram de terra, a dona de casa Cleissi Carvalho, 61, vê da janela de sua casa uma enorme construção crescer.

Espécie de "fiscal" da obra, ela espera a inauguração do futuro shopping center, onde poderá ir a pé.

Cleissi não está sozinha na função fiscalizadora. O morador da zona norte da cidade, em geral, quer mesmo é shopping no bairro, revela levantamento do Datafolha.

A pesquisa mostra que, de 0 a 10, os moradores dão nota 3,3 à quantidade desses centros de compras -média obtida em entrevistas feitas nos 18 distritos da região.

No que depender dos moradores do Tucuruvi, a nota 4,8 dada por eles deve melhorar até o fim do ano.

"Hoje, para ir ao shopping, tenho que ir de ônibus, carro ou metrô. Agora, é só descer a rua. Quem não gosta disso?", pergunta Cleissi.

A carência dos moradores de fazer suas comprinhas, ver um filme e comer num mesmo espaço já foi identificada por grandes empreiteiras.

Elas perceberam que há apenas três estabelecimentos comerciais do tipo na região -para ter uma ideia, há 54 shoppings espalhados por toda a cidade, de acordo com a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers).

Só na zona sul são 27, segundo a entidade. Levantamento da Folha mostra que há outros seis na zona oeste, 11 na leste e sete no centro.

A construtora JHSF, que lançou o luxuoso Cidade Jardim, na zona sul, em 2008, mira a zona norte. Quer atrair 2 milhões de clientes por mês ao Shopping Metrô Tucuruvi.

"Pesquisas identificaram a oportunidade na região. Estar integrado a uma estação de metrô [Tucuruvi] tornou a opção mais interessante", diz Robert Harley, diretor de shoppings da JHSF.

Na marginal Tietê, no acesso à rodovia dos Bandeirantes, o Tietê Plaza pode reverter a nota 3,8 dada por moradores de Pirituba -avaliação ainda pior têm os moradores da Freguesia do Ó (3,2).

O anúncio do empreendimento diz se tratar do "único que tem como vizinho um milhão de consumidores sem nenhum shopping por perto".

Um Playland para a filha e um cinema serão a novidade no bairro onde vivem a bancária Lineide Teodoro, 32, e o marido dela, o agente de segurança Jaime Teodoro, 35.

"Há um shopping pequeno aqui, em Pirituba, mas não tem cinema", diz Lineide.

Por isso, a família prefere cruzar a marginal e ir à zona oeste, onde há os shoppings Bourbon e West Plaza, para passear e comprar.

TENDÊNCIA

Todo mundo quer ter um centro comercial perto de casa. É com essa lógica que a arquiteta Nadia Somekh, professora do Mackenzie, interpreta o anseio dos moradores da região norte.

"Do ponto de vista urbanístico, o shopping é positivo por evitar deslocamentos, já que a pessoa vai a um lugar só e faz compras, come e vai ao cinema", analisa a arquiteta.

Segundo Nadia, a construção desses empreendimentos ao lado do metrô é uma tendência benéfica, que pode melhorar o trânsito local. O efeito colateral é o fim dos comerciantes de bairro. "O comércio de rua sofre. É uma espécie de autofagia", explica.

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