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Históricos

Grande número de artistas de outras gerações revela opção de curador por "arqueologia imediata"

DO CRÍTICO DA FOLHA

Dos 111 artistas da Bienal, nada menos que 21, quase 20% do total, já estão mortos.

A opção por artistas de gerações passadas é o que o curador Luis Pérez-Oramas chama de "arqueologia imediata", que ele define como o entendimento, a partir da produção contemporânea, da pertinência de uma produção passada imediata.

Nesse grupo estão nomes como os brasileiros Arthur Bispo do Rosário, Alair Gomes e Waldemar Cordeiro ou os estrangeiros Fernand Deligny, Allan Kaprow, Robert Smithson e Absalon.

Deligny é exemplar: não se trata de um artista, mas de um educador francês especializado em crianças autistas. A partir do cotidiano delas, ele traçava desenhos que ditavam seus percursos na clínica onde trabalhava.

Sua obra influenciou intelectuais como o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995), que se inspirou em Deligny para criar o conceito de rizoma, fundamental em seu pensamento.

Na Bienal, estão expostos 80 desenhos de Deligny, o maior conjunto já exibido publicamente, incorporando-o ao sistema da arte, o que já ocorre com Bispo do Rosário há mais de uma década.

Esses artistas ganham o caráter histórico que tem, por exemplo, o americano Kaprow, um dos precursores da performance e criador, em 1959, do termo "happening": uma ação que "acontece por acontecer".

Outro americano histórico é Smithson, reconhecido por criar os "Earthworks", obras que intervinham em paisagens remotas, como o icônico "Spiral Jetty", de 1970, uma imensa espiral de barro, cristais e rochas de basalto, num lago em Utah (EUA).

Registros de suas obras estão no Museu de Arte Brasileira da Faap, uma das sedes da Bienal fora do pavilhão.

Um dos artistas que Pérez- Oramas ressalta no segmento é o colombiano Roberto Obregón, que por 30 anos realizou uma obra obsessivamente baseada em rosas.

Entre os brasileiros, Cordeiro é o histórico por excelência. Passando pela arte concreta, dedicou-se à arte eletrônica e ao paisagismo.

Do lado de fora do pavilhão foi reerguido um labirinto que Cordeiro projetou para o parque infantil do clube Espéria, em São Paulo, há 46 anos.

(FABIO CYPRIANO)

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