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Performáticos

Registros antigos e ações executadas na mostra vão do drama à falta de propósito

DE SÃO PAULO

Numa performance de 1971, o artista holandês Bas Jan Ader olha para a câmera e chora. Era para dizer alguma coisa, mas ele está triste demais para falar a que veio.

Noutra obra, ele, com seu corpo esquelético, levanta uma pedra imensa até onde pode. Do alto, ele joga a rocha sobre dois focos de luz, mergulhando a cena no escuro.

Ele mesmo sairia de cena ao tentar realizar uma travessia do Atlântico num veleiro, desaparecendo em alto mar para nunca mais ser visto.

Obras como essas, que oscilam entre o drama mais agudo e a total falta de propósito, parecem orientar o olhar para os artistas performáticos escalados para esta Bienal.

A alemã Viola Yesiltaç fará suas performances em pleno pavilhão, uma série de caminhadas em que discute com o público questões da atualidade no mundo.

Recriando performances clássicas dos anos 1960, a italiana Simone Forti recrutou bailarinos brasileiros para fazer no pavilhão suas coreografias com cordas e rampas.

Mesmo obras que não são performances em si têm componentes do gênero, como a instalação do grego Athanasios Argianas, que escreveu um poema sobre um fio dourado, exigindo que, para lê-lo, o público faça verdadeiras contorções.

Absalon

(1964-1993) - O israelense produziu obras ligadas à arquitetura, como as "células" -esculturas habitáveis feitas a partir das medidas de seu corpo-, que instauram um espaço de resistência da intimidade e do confinamento dentro do ambiente social

Alair Gomes

(1921-1992) - Nascido em Valença (RJ), o engenheiro, professor e crítico de arte ficou mais conhecido por suas fotografias de corpos masculinos nus e seminus nos anos 1970 e 1980

Allan Kaprow

(1927-2006) - Nos anos 1950, o americano foi um dos pioneiros no estabelecimento dos conceitos de performance. Na Bienal, registros mostram suas ações, que incorporavam também o público e o cotidiano

Waldemar Cordeiro

(1925-1973) - Nascido em Roma de pai brasileiro e mãe italiana, o pintor, gravador e paisagista radicou-se em São Paulo e deixou uma obra marcada pela lógica, assemelhada à arte concreta

Arthur Bispo do Rosário

(1909 ou 1911-1989) - O sergipano viveu 50 anos recluso em um hospital psiquiátrico, utilizando materiais dispensados para criar obras que transitam entre a realidade e o delírio

Fernand Deligny

(1913-1996) - Questionando a psiquiatria, a educação formal e outras instituições, o francês produziu obras a partir da relação com crianças autistas e inspirou Deleuze a criar o conceito de rizoma

August Sander

(1876-1964) - Com a série "Pessoas do Século 20", em mais de 600 fotos de indivíduos de diversas esferas sociais, o alemão criou um "catálogo tipológico" de seu povo, revelando um país em mutação

Bas Jan Ader

(1942-1975) - Ao se jogar de uma árvore, do telhado ou dentro de um canal -registrando em vídeos-, o holandês buscava evidenciar a noção de vulnerabilidade e indagar o sentido da vida. Morreu em uma performance, tentando atravessar o oceano Atlântico num veleiro

Michel Aubry

(1959) - Designer e artista francês, costura mobílias, instrumentos, tecidos e tapeçarias para formar instalações com referências históricas e políticas, utilizando pontuações sonoras para ativar a percepção do público

Jiri Kovanda

(1953) - O tcheco, que desde os anos 1970 produz vasta obra de ações e instalações, utiliza-se tanto de objetos quanto de sua própria presença nos espaços para refletir sobre a vida cotidiana normatizada

Athanasios Argianas

(1946) - Também músico, o artista grego apresenta uma obra sonora e escultural que investiga meios, materiais e linguagens. Simetria, repetição e permutação caracterizam suas "máquinas" -instalações performáticas nas quais som, forma e significados se condensam

Simone Forti

(1935) - Influenciada pela dança, a italiana radicada nos EUA focou o corpo como objeto de arte, em trabalhos de movimentos físicos e falas improvisadas

Viola Yesiltaç

(1975) - Com influência da tradição construtivista, a alemã explora os deslocamentos que se operam entre fotografia, desenho, escultura e performance

(SILAS MARTÍ)

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