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Xico Sá

BOCA DE URNA

Rede acaba com voto secreto

Além de ter sido colorido com o rosa-choque anti-Russomanno, o Facebook praticamente acabou com a velha máxima de que o voto é secreto. Como se fosse uma votação antecipada, a maioria dos usuários da rede social apertou o "confirma" em posts apaixonados.

Foi-se o tempo em que você não sabia o candidato preferido da vizinha gostosa ou do austero e resguardado colega de firma. O "facevoto" escancarou geral. Somente as pessoas que têm alergia à política e profissionais como os jornalistas ainda evitam, de certa maneira, a exposição.

A tendência, mais forte e colorida na rede social de mr. Mark Zuckerberg, também contaminou outras redes como o Orkut e o Twitter. Foi a eleição do "curtir" e dos cutucões dos cabos eleitorais da era virtual.

O caso Russomanno, candidato-sonrisal que derreteu na garoa paulistana, provocou um fenômeno nacional. Eleitores de outros Estados aderiram à onda rosa-choque, mesmo votando a milhares de quilômetros daqui. Apenas com o programa do horário eleitoral, suspenso dias antes do pleito, talvez não houvesse tempo para o que foi chamado, em SP, de "desconstrução" do candidato do PRB. Foram os virais que demonizaram, até o último minuto da votação, o aliado do bispo Edir Macedo.

Mesmo com alguns juízes do paleolítico eleitoral ainda tentando encolher o alcance das redes sociais e vídeos compartilhados, vimos que, diante da vastidão da rede, os códigos eleitorais não mandam mais na parada.

O "facevoto" também conseguiu resgatar o anarquismo, em desuso com o advento da urna eletrônica, de declarar apoio a candidatos que não estão oficialmente na disputa. Repetiram-se fenômenos como o do Macaco Tião, célebre chipanzé do Zoológico do Rio que, após uma campanha da revista Casseta Popular, chegou à marca dos 400 mil votos na cidade.

Assim como todo brasileiro vira técnico da seleção brasileira em tempos de Copa do Mundo, todo eleitor exerceu também o papel de marqueteiro do seu candidato na campanha deste ano. Surgiram slogans extraoficiais, vídeos e animações que, muitas vezes, contrariavam todo o planejamento dos comitês.

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