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Deficientes comparecem, mas não votam por falta de acesso

DE SÃO PAULO

Vários eleitores com limitações físicas compareceram às zonas eleitorais de São Paulo mas não conseguiram votar por causa da indisponibilidade de elevadores e ausência de rampas que facilitassem o acesso às urnas.

Cadeirante desde 2000, o advogado Pedro Roberto Pedri conta que preferia faltar às urnas a passar pelo constrangimento de ser carregado até o terceiro andar de seu antigo colégio eleitoral, na rua Humaitá (Bela Vista).

Em 2010, decidiu solicitar sua transferência para uma zona eleitoral especial, que supostamente deveria oferecer estrutura mais acessível para deficientes. Ficou surpreso ao chegar ontem ao campus da PUC na rua Marquês de Paranaguá (Consolação) e constatar que o prédio também não tinha rampas nem elevador. Não votou.

O prédio da Unicastelo, com três andares e vinte e oito seções, abriga o maior colégio eleitoral de Itaquera, com mais de 10 mil inscritos. Os dois elevadores estavam quebrados. Muitos eleitores, como Maria da Conceição, 40, que sofreu recentemente um AVC, não puderam votar.

Na Liberdade, Eunice Furquim, 83, quase desistiu ao perceber que o elevador do prédio da Fecap estava quebrado e que teria que subir seis andares de escada para poder efetuar seu voto. "Ela já nem precisa votar. Mas faz questão de exercer sua cidadania", afirmou seu filho, Aureliano, que a auxiliou na subir até a sala de votação. "O pior é que ninguém ajudou".

A jornalista Marcia Mendes de Almeida, 67, que sofre de artrose no quadril, teria de subir quatro lances de escada, para chegar ao segundo andar do prédio da Escola Estadual Marina Cintra, no centro de São Paulo. Mas ali também foi informada que o elevador estava quebrado.

"O pior é que não pude justificar ausência porque estava na própria escola em que deveria votar. Agora, tenho de ir a um cartório eleitoral pedir para me mudarem de seção de votação. Esse é o respeito que a Justiça dedica aos idosos e mancos", desabafou.

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