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Curso de MBA à distância explode nos Estados Unidos

Reitor de escola de negócios dos EUA quer atrair brasileiros

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

A escola de administração Kenan-Flager da Universidade da Carolina do Norte recebe por ano entre 60 e 70 alunos brasileiros em seu curso de MBA. A instituição quer mais. O reitor da organização, Jim Dean, esteve no Brasil em setembro para buscar novos alunos.

Em entrevista à Folha, afirma que a escola escolheu o Brasil como um dos alvos no mundo para a seleção de profissionais. Veja os principais trechos da entrevista.

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Folha - Você é um reitor e também um consultor?

Jim Dean - Não, sou só reitor. Já fui um consultor, mas ser reitor é um emprego de tempo integral. Nossa organização tem 2.000 alunos e 200 professores. É uma operação de US$ 80 milhões. Não tenho muito tempo. Eu estou lá há 15 anos.

Por que vocês estão no Brasil?

Como todas as escolas de negócios, queremos ser globais. Fizemos uma análise e resolvemos focar nossos esforços em alguns poucos países. O Brasil é um deles. E quando se olha o país, é como os EUA, muito grande e diverso. Em negócios, São Paulo é a maior cidade para isso. Estamos atrás de alunos. Temos, no nosso programa, entre 60 e 70 alunos brasileiros de MBA nos últimos anos. E gostaríamos de ter mais.

Como é o projeto que seus alunos fazem para empresas brasileiras?

São alunos que estão matriculados nos EUA. As aulas envolvem habilidades e métodos de trabalho de consultores. Eles aprendem técnicas para trabalhar em projetos de consultoria. Há um cliente de verdade, um negócio com um problema. E os alunos trabalham juntos, como um time, para resolver o problema para a companhia. Há uma taxa que as empresas pagam. Para ter certeza de que as companhias recebam um bom serviço, há um supervisor. Questões de operações, marketing e vendas tendem a ser mais comuns.

Você pode dar um exemplo de empresa que contratou o time?

Sim, fizemos um projeto para a filial da GE no Brasil. Um dos alunos foi trabalhar lá depois. Ele é brasileiro.

Qual é a maior deficiência dos alunos brasileiros?

Uma coisa que eles têm em comum com a maioria dos alunos estrangeiros é que a língua deles não é inglês. Em geral, a preparação matemática é muito boa. Mas o teste que precisa ser feito, o Gmat, tem uma seção de inglês que é difícil até mesmo para os alunos norte-americanos. É muito desafiador. E acho que os alunos brasileiros são muito bem preparados em matemática. E que eles estão acostumados a operar em lugares diferentes, isso os deixa confortáveis em um cenário global. O país está experimentando mudanças tão rápidas, especialmente nos últimos anos, que eles estão acostumados.

Os seus alunos são formados em quais cursos? Administração?

Os de administração são minoria. Há todos tipos, engenheiros, pessoas formadas em ciências, em história... A ideia é que o currículo de MBA se completa nele mesmo. A pessoa consegue aprender tudo que se precisa, uma vez que ela conseguiu passar no Gmat. É preciso ter um pouco de experiência profissional -dois anos-, mas a média são cinco anos de experiência prévia. Esses alunos têm 28 anos de idade, em média.

E quais tendências no mercado de MBAs você enxerga?

Vão acontecer mudanças significantes em educação on-line. Está explodindo nos EUA e as escolas se juntam para oferecer cursos pela internet. A maioria dos alunos on-line ainda é de norte-americanos, mas estamos fazendo mais esforços para conseguir estudantes ao redor do mundo, incluindo Brasil.

Outra tendência é uma busca maior por MBAs com ênfase em sustentabilidade.

O câmbio brasileiro se desvalorizou no último ano, e por isso o curso ficou mais caro para brasileiros. A demanda para os programas diminuiu?

Não notamos. Nem sabia que a moeda tinha sido desvalorizada. Mas o câmbio nem é tão importante, o mais importante é que muitos deles precisam abdicar dos empregos. Em média, eles ganham US$ 60 mil (R$ 120 mil) por ano. E, quando saem da escola, ganham, em média, US$ 100 mil (R$ 200 mil) por ano.

Você deu aula de negócios para a Marinha, você pode contar do que se trata?

Eles precisavam ter mais expertise em negócios. Os sistemas de armamentos custam bilhões. Se eles forem mais estratégicos na hora de encomendar e de negociar com os fornecedores, podem economizar uma quantia inimaginável de recursos porque eles lidam com somas muito grandes de dinheiro.

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