São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

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ENGENHARIAS

Mercado amplia vagas na academia

Universidade busca docentes em áreas que atraem alunos de olho em especialização profissional

GIOVANNY GEROLLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os 20 mil alunos em quase 500 cursos de pós-graduação em engenharia no país se dividem entre a docência e o mercado. No começo da carreira, o segundo pode levar vantagem.
"Recém-formados ganham R$ 4.000, fica difícil segurar aluno com bolsa de R$ 1.200", avalia José Roberto Cardoso, vice-diretor da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) e membro do conselho tecnológico do Seesp (Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo).
Mas o mercado também impulsiona o meio acadêmico, que tem boa demanda por docentes em áreas que são foco de atração de alunos, como tecnologia da informação e engenharias de materiais, química, de produção e elétrica.
"Muitos docentes vão para faculdades particulares. Só os muito diferenciados ficam nas públicas", comenta Geraldo Costa, presidente da comissão de pós-graduação da Escola de Engenharia da USP de São Carlos. Para ele, a indústria não absorve doutores por não ter centros de pesquisa.
No Brasil, 70% dos engenheiros que são doutores estão na academia -o inverso do que ocorre nos EUA, onde 30% deles atuam no ensino superior.
Isso não quer dizer que o mercado não esteja de olho neles. "Consegui meu primeiro emprego enquanto fazia doutorado, e na área que pesquiso", conta Fabio Calciolari, 28, doutorando do curso de engenharia de materiais da Universidade Federal de São Carlos.
"Larguei a bolsa de estudos, e tenho hoje um laboratório dentro da companhia", completa.
Essa é uma área muito procurada por pós-graduandos e que tem amplo leque de possibilidades de pesquisa.
Vão desde o desenvolvimento de biomateriais -especialmente na área de saúde- até o estudo de argamassas especiais para poços de petróleo, passando por nanotecnologia em projetos de pesquisas espaciais.

Energia e ambiente
Em outro setor bastante visado, o de engenharia elétrica, cursos de pós buscam especializar profissionais em áreas como processamento de sinais, telecomunicações, automação, biomédica e computação.
"A distribuição de formandos tende a se concentrar mais nas áreas de automação e telecomunicações e telemática", afirma Michel Yacoub, coordenador de pós-graduação da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp.
A preocupação com o ambiente também permeia o setor. A sustentabilidade socioambiental está em alta, e os programas têm forte caráter multidisciplinar, contemplando temas como áreas de proteção ambiental e gerenciamento de recursos hídricos.

EM ALTA

Engenharia ambiental
Ecologia, áreas de proteção ambiental, planejamento e gerenciamento de recursos hídricos, governança das águas, hidrometria aplicada, gestão ambiental, climatologia e ecologia industrial

Engenharia elétrica
Processamento de sinais e instrumentação, telecomunicações, telemática, automação, eletrônica, micro e optoeletrônica e engenharias biomédica, de computação e elétrica

Engenharia de materiais
Biomateriais e nanotecnologia

Engenharia de produção
Gestão de operações e economia e do conhecimento

Tecnologia da informação
Sistemas de informação

ÁREAS*

Engenharia aeroespacial

Engenharia biomédica

Engenharia civil

Engenharia elétrica

Engenharia de materiais e metalúrgica

Engenharia mecânica

Engenharia de minas

Engenharia naval e oceânica

Engenharia nuclear

Engenharia de produção

Engenharia química

Engenharia sanitária

Engenharia de transportes


*Que têm programas recomendados pela Capes


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