São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE

Após 10 anos, modalidade ainda não se consolidou

Falta de financia mento afasta o progra ma da universi dade pública

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O mestrado profissionalizante foi reconhecido e normatizado pela Capes em 1998, mas a modalidade ainda não se consolidou, dizem coordenadores de programas e especialistas.
Ainda é baixo o número de cursos: 253, contra 2.441 de mestrado acadêmico. Ele permite que o aluno se aprofunde sem enveredar pela pesquisa científica ou acadêmica, própria do outro tipo de mestrado.
"O MBA forma o profissional em administração, e o MBA executivo se dirige a quem tem mais experiência. O mestrado profissionalizante é a opção de quem quer se aprofundar mais e ser acadêmico em tempo parcial", define Paulo Lemos, 65, superintendente de cursos de educação continuada da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Essas diferenças causam polêmica. "Existir mestrado acadêmico e profissionalizante é um bicho-de-sete-cabeças. Todo mestrado deveria ser profissionalizante", crava Cláudio de Moura Castro, 70, presidente do conselho consultivo da faculdade Pitágoras.
Para Roberto Lobo, 70, ex-reitor da USP e consultor em ensino superior, o mestrado profissionalizante, por ter surgido posteriormente, tornou-se o "primo pobre" das pós.
"A academia inibe atividades típicas dessa modalidade", argumenta. Como a portaria que reconheceu o mestrado profissionalizante determina que os cursos sejam autofinanciados, os programas não recebem recursos de entidades de fomento à pesquisa, portanto alunos não podem receber bolsa.
"Surge conflito quando se trata de universidade pública, que não pode cobrar dos alunos", explica Mário Miyake, coordenador de ensino tecnológico do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo). Por isso quem mais oferece esse programa são centros de pesquisa e instituições privadas.

Qualidade à prova
Critérios da Capes para analisar a qualidade dos cursos também geram queixas entre coordenadores de programas.
"O padrão é exigir o que se pede de um mestrado acadêmico mais os aspectos profissionais", afirma Ronaldo Salvagni, coordenador do mestrado profissionalizante de engenharia automotiva da Poli-USP.
Segundo Salvagni, o conceito três, recebido quando o programa começou (2000), foi mantido ao longo de todas as avaliações, por mais que os conselhos da Capes fossem atendidos.
"Há exigência forte de publicações científicas, mas no contexto profissional é mais complicado. Até porque a inovação tecnológica muitas vezes é sigilosa para as empresas", explica.
O curso não abrirá mais turmas após a USP mudar normas e proibir cobrar taxas. Procurada pela Folha, a Capes não comentou as críticas. (ECL)


Texto Anterior: Mestrado acadêmico: Pós dá a largada para vida acadêmica
Próximo Texto: Doutorado: Doutores se multiplicam e interessam às empresas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.