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MESTRADO PROFISSIONALIZANTE
Após 10 anos, modalidade ainda não se consolidou
Falta de financia mento afasta o progra ma da universi dade pública
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mestrado profissionalizante foi reconhecido e normatizado pela Capes em 1998, mas a
modalidade ainda não se consolidou, dizem coordenadores
de programas e especialistas.
Ainda é baixo o número de
cursos: 253, contra 2.441 de
mestrado acadêmico. Ele permite que o aluno se aprofunde
sem enveredar pela pesquisa
científica ou acadêmica, própria do outro tipo de mestrado.
"O MBA forma o profissional
em administração, e o MBA
executivo se dirige a quem tem
mais experiência. O mestrado
profissionalizante é a opção de
quem quer se aprofundar mais
e ser acadêmico em tempo parcial", define Paulo Lemos, 65,
superintendente de cursos de
educação continuada da FGV
(Fundação Getulio Vargas).
Essas diferenças causam polêmica. "Existir mestrado acadêmico e profissionalizante é
um bicho-de-sete-cabeças. Todo mestrado deveria ser profissionalizante", crava Cláudio de
Moura Castro, 70, presidente
do conselho consultivo da faculdade Pitágoras.
Para Roberto Lobo, 70, ex-reitor da USP e consultor em
ensino superior, o mestrado
profissionalizante, por ter surgido posteriormente, tornou-se o "primo pobre" das pós.
"A academia inibe atividades
típicas dessa modalidade", argumenta. Como a portaria que
reconheceu o mestrado profissionalizante determina que os
cursos sejam autofinanciados,
os programas não recebem recursos de entidades de fomento
à pesquisa, portanto alunos não
podem receber bolsa.
"Surge conflito quando se
trata de universidade pública,
que não pode cobrar dos alunos", explica Mário Miyake,
coordenador de ensino tecnológico do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
de São Paulo). Por isso quem
mais oferece esse programa são
centros de pesquisa e instituições privadas.
Qualidade à prova
Critérios da Capes para analisar a qualidade dos cursos
também geram queixas entre
coordenadores de programas.
"O padrão é exigir o que se
pede de um mestrado acadêmico mais os aspectos profissionais", afirma Ronaldo Salvagni,
coordenador do mestrado profissionalizante de engenharia
automotiva da Poli-USP.
Segundo Salvagni, o conceito
três, recebido quando o programa começou (2000), foi mantido ao longo de todas as avaliações, por mais que os conselhos
da Capes fossem atendidos.
"Há exigência forte de publicações científicas, mas no contexto profissional é mais complicado. Até porque a inovação
tecnológica muitas vezes é sigilosa para as empresas", explica.
O curso não abrirá mais turmas após a USP mudar normas
e proibir cobrar taxas. Procurada pela Folha, a Capes não comentou as críticas.
(ECL)
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