São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

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PÓS-DOUTORADO

No topo, pesquisador opta por sair e arejar ideias

Doutor faz estágio em grupos de pesquisa de outras universidades

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Diferentemente das outras modalidades de pós-graduação, o pós-doutorado não oferece um novo título, e sim a possibilidade de doutores fazerem um estágio em um grupo de pesquisa de outra instituição.
"É uma oportunidade de dedicação à pesquisa científica em tempo integral", explica Jean Tavares, que faz pós-doutorado em engenharia mecatrônica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Durante o curso, o pesquisador conta com um supervisor, que acompanha seu desempenho. Além disso, para prestar contas à instituição e ao órgão de fomento, precisa fazer relatórios de suas atividades.
Ao final, pode tentar a publicação do trabalho em uma revista científica. O processo "oxigena" conhecimentos e, consequentemente, a instituição à qual o pesquisador pertence, diz Isak Kruglianskas, chefe do departamento de administração da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo).
Para ele, o programa oferece novos ângulos para olhar um mesmo assunto e aprimorar a formação do pesquisador.

Vagas raras
O panorama de oportunidades, porém, é mais restrito. Poucas empresas privadas no Brasil contam com centros de pesquisa voltados à inovação.
Mesmo nas multinacionais que desenvolvem novas tecnologias, esses centros muitas vezes ficam em outros países.
Por isso, quem decide seguir o caminho do desenvolvimento científico encontra mais oportunidades nas áreas de docência e pesquisa das universidades ou prefere prestar concursos públicos para os quais os títulos contam pontos.
Esse é o caso de Andrea Betioli, que chegou à metade do pós-doutorado em engenharia civil e pretende prestar concurso para dar aulas depois de concluir o programa, neste ano.
Ela integra um grupo da USP que pesquisa materiais que substituam o amianto em telhas. Vários países proibiram a substância, considerada cancerígena. No Brasil, seu uso é permitido em alguns Estados (foi banido em São Paulo), e empresas criaram políticas internas para eliminá-lo de produtos.
"O custo dos importados é elevado, e nosso objetivo é oferecer uma alternativa", diz.
Mesmo assim, ela acredita que terá dificuldades para arranjar vaga em uma companhia que aproveite conhecimentos desenvolvidos no projeto.
"Dá para melhorar a qualidade dos produtos feitos aqui, mas é difícil encontrar empresas que apostem", diz. (JV)


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