São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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Brasil tem mais verba, mas sobe menos ao pódio

DO ENVIADO A NAIRÓBI E ELDORET

Há um abismo "social" entre Brasil e Quênia no atletismo.
A federação africana recebe por ano da Nike, sua principal patrocinadora, US$ 800 mil (cerca de R$ 1,3 milhão).
"Temos apoios menores. Acertamos com uma empresa de ônibus para os torneios estudantis, que nos dará US$ 100 mil [R$ 165 mil]", diz Isaiah Kiplagat, presidente da federação.
A entidade também recebe verba para eventos específicos. Um banco apóia a Maratona de Nairóbi, outra instituição financeira banca provas de cross country, uma cervejaria patrocina o GP do Quênia, e uma companhia de leite é responsável pelas provas escolares.
Já a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) tem como maior apoio a Caixa, que liberará R$ 12 milhões neste ano.
Além disso, a CBAt tem cerca de R$ 2 milhões por ano da Lei Piva, que destina parte da arrecadação das loterias ao esporte.
Neste ano, há ainda a preparação para Pequim financiada em projeto do Comitê Olímpico Brasileiro custeado pela Petrobras por meio da lei de incentivo fiscal. O atletismo terá mais R$ 1,4 milhão.
"Quem administra isso é o COB. Nós só apresentamos o projeto", conta Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAt.
Estratégia semelhante é seguida pelo governo queniano.
"O Ministério do Esporte é quem financia nossa participação na Olimpíada. Mas essa verba vai para o comitê olímpico e é repartida entre todas as modalidades", conta Kiplagat.
Se a diferença de recursos é grande, a de infra-estrutura é imensa. Para a CBAt, no Brasil há poucas pistas oficiais. "Calculo que hoje há umas 30. Precisaríamos de 300", diz Gesta.
No Quênia, tal recurso é raro. A maioria dos fundistas, mesmo os de pista, treina na terra. Os estádios Nyayo e Kasarani, ambos localizados em Nairóbi, são as duas arenas que contam com pistas oficiais.
Mesmo assim, o atletismo queniano amealhou 61 medalhas em Olimpíadas, contra 13 do Brasil. Em Mundiais, a disparidade é maior. Os africanos foram 72 vezes ao pódio (27 ouros, 22 pratas e 23 bronzes). Os brasileiros, só dez (5 pratas e 5 bronzes). (ALF)


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