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Brasil tem mais verba, mas sobe menos ao pódio
DO ENVIADO A NAIRÓBI E ELDORET
Há um abismo "social" entre
Brasil e Quênia no atletismo.
A federação africana recebe
por ano da Nike, sua principal
patrocinadora, US$ 800 mil
(cerca de R$ 1,3 milhão).
"Temos apoios menores.
Acertamos com uma empresa
de ônibus para os torneios estudantis, que nos dará US$ 100
mil [R$ 165 mil]", diz Isaiah Kiplagat, presidente da federação.
A entidade também recebe
verba para eventos específicos.
Um banco apóia a Maratona de
Nairóbi, outra instituição financeira banca provas de cross
country, uma cervejaria patrocina o GP do Quênia, e uma
companhia de leite é responsável pelas provas escolares.
Já a Confederação Brasileira
de Atletismo (CBAt) tem como
maior apoio a Caixa, que liberará R$ 12 milhões neste ano.
Além disso, a CBAt tem cerca
de R$ 2 milhões por ano da Lei
Piva, que destina parte da arrecadação das loterias ao esporte.
Neste ano, há ainda a preparação para Pequim financiada
em projeto do Comitê Olímpico Brasileiro custeado pela Petrobras por meio da lei de incentivo fiscal. O atletismo terá
mais R$ 1,4 milhão.
"Quem administra isso é o
COB. Nós só apresentamos o
projeto", conta Roberto Gesta
de Melo, presidente da CBAt.
Estratégia semelhante é seguida pelo governo queniano.
"O Ministério do Esporte é
quem financia nossa participação na Olimpíada. Mas essa
verba vai para o comitê olímpico e é repartida entre todas as
modalidades", conta Kiplagat.
Se a diferença de recursos é
grande, a de infra-estrutura é
imensa. Para a CBAt, no Brasil
há poucas pistas oficiais. "Calculo que hoje há umas 30. Precisaríamos de 300", diz Gesta.
No Quênia, tal recurso é raro. A maioria dos fundistas,
mesmo os de pista, treina na
terra. Os estádios Nyayo e Kasarani, ambos localizados em
Nairóbi, são as duas arenas que
contam com pistas oficiais.
Mesmo assim, o atletismo
queniano amealhou 61 medalhas em Olimpíadas, contra 13
do Brasil. Em Mundiais, a disparidade é maior. Os africanos
foram 72 vezes ao pódio (27
ouros, 22 pratas e 23 bronzes).
Os brasileiros, só dez (5 pratas
e 5 bronzes).
(ALF)
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