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MÁQUINA PÚBLICA
Nos últimos três anos e meio, 1 em cada 28 prefeitos foi afastado; alguns conseguiram retomar cargo
Suspeitas de fraude derrubam 199 prefeitos
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dos 5.558 prefeitos eleitos em
2000, pelo menos 199 perderam o
cargo desde então pelas mais diversas causas: falhas administrativas, processos na Justiça, desvio
de recursos públicos, crime eleitoral, entre outros. Em algumas cidades, o prefeito conseguiu voltar
ao posto. Em outras, foi afastado
mais de uma vez.
O levantamento, em análise no
governo federal, mostra então
que 1 em cada 28 prefeitos eleitos
no país há três anos e meio foi
afastado do cargo.
Minas Gerais fica em primeiro
lugar no ranking nacional, com 28
prefeituras mudando de mãos
nos últimos três anos e meio. Logo atrás vem São Paulo, com 25, e
depois, Piauí, com 23, sendo uma
delas Guaribas, cidade-símbolo
do programa Fome Zero. Todos
os outros Estados registraram
menos de 14 afastamentos de prefeitos no período.
Entre os partidos, 42 prefeitos
eleitos em 2001 pelo PMDB perderam o cargo, o maior número.
Em seguida vieram PFL (32) e
PSDB (28). O partido de Lula, o
PT, registrou um caso.
O estudo reúne dados do STJ
(Superior Tribunal de Justiça),
STF (Supremo Tribunal Federal),
TCU (Tribunal de Contas da
União), CGU (Controladoria Geral da União) e de notícias publicadas na imprensa. Na maioria
absoluta das vezes, a perda do cargo se deve a desvios de recursos
públicos e conseqüente ação do
Ministério Público.
Foi o que aconteceu em Guaribas. Em agosto de 2003, a Justiça
afastou o prefeito Reginaldo Correia da Silva (PL) por improbidade administrativa e desvio de verbas em obras fantasmas. A Folha
não conseguiu falar com o ex-prefeito. Em entrevistas anteriores,
ele sempre negou as acusações.
Ao menos em duas cidades a
instabilidade política deu o tom
nos últimos três anos e meio. Em
Vera Cruz (BA), o prefeito Edson
Vicente de Valasques (PL) deixou
o cargo sete vezes e foi reconduzido por medidas judiciais.
Já em Guamaré (RN), o prefeito
João Pedro Filho (PFL) foi afastado seis vezes antes de renunciar
ao cargo em agosto por suposto
desvio de verbas federais que totalizariam R$ 1,2 milhão.
Seu vice Francisco de Assis Silva
também perdeu o cargo durante
26 dias. O presidente da Câmara
Municipal, Antonio Carlos da Silva, assumiu durante o período.
No dia 28, o vice-prefeito reassumiu e tenta, agora, a reeleição.
O filho do ex-prefeito João Pedro Filho, Osaniel, disse ontem
que a Justiça arquivou todos os
processos contra seu pai. A Folha
não conseguiu falar com Francisco de Assis Silva, pois ele estaria
fazendo caminhada com eleitores. O secretário municipal de Administração, João Fernandes, disse que as mudanças na prefeitura
não afetaram a gestão.
Cheques sem fundo
Chama atenção no levantamento dois casos de prefeitas afastadas por terem passado cheques
sem fundo. Em Serra da Raiz
(PB), a prefeita Adailma Fernandes (eleita pelo PDT e hoje no
PFL) foi afastada e depois reconduzida ao cargo. Uma CPI na Câmara local teria constatado a
emissão de 210 cheques sem fundos por ela, que tenta a reeleição.
"Isso é coisa de oposição, ninguém provou nada", disse.
Em Jaguaripe (BA), Deralzita
Pinho (PFL) responde à acusação
de ter passado 137 cheques sem
fundo em nome do município. A
fraude teria custado aos cofres
públicos o pagamento de taxas
bancárias e juros. Ela nega.
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