São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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40 acusados de irregularidades disputam reeleição

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Francisco do Conde (BA), Antônio Calmon (PFL), foi acusado de contratar obras superfaturadas, fraudar licitações e usar apartamento de empreiteira. Calmon é candidato à reeleição pela coligação "O progresso não pode parar".
O prefeito de Itagimirim (BA), Giovanni Brillantino (PFL), foi acusado de pagar antecipadamente por serviços não-executados, fazer licitações com indícios de fraude e publicar sua foto em cadernos escolares. Brillantino quer um novo mandato pela coligação "Pra fazer muito mais".
A Folha identificou 40 prefeitos cuja gestão teve irregularidades apontadas pela Controladoria Geral da União e que disputam a reeleição. O mau uso de recursos federais repassados afeta principalmente programas de educação e saúde. São Francisco do Conde tem 27 mil habitantes, mas Calmon comprou 60 mil fichas para controle de doenças contagiosas. Pagou R$ 629 mil por 4,3 milhões de elásticos para prender dinheiro, nunca entregues. Desembolsou R$ 2,2 milhões na locação de 108 automóveis. Alguns, luxuosos, eram usados por sua família.
O prefeito Giovanni Brillantino, de Itagimirim (BA), colocou sua foto na capa de 5.500 cadernos escolares. Alegou que não houve promoção pessoal, pois a foto era reduzida e de baixa qualidade. Na reforma de escolas, a primeira medição foi paga com cheque nominal ao secretário de Finanças.
Em Urandi (BA), a licitação para fornecimento de combustível foi vencida por um posto de gasolina do prefeito Adonai Rocha (PFL). Sua mulher presidiu a comissão de licitação. Uma fornecedora de materiais de construção seria do irmão do prefeito.
Em Rodolfo Fernandes (RN), Francisco Germano (PFL) é acusado de forjar licitações e de ser o próprio construtor de casas populares com recursos federais.
Em Igarapé Grande (MA), o prefeito Edvaldo Galvão (PFL) está no páreo. A CGU pede a devolução de R$ 108,7 mil gastos em obras inexistentes. A mulher do prefeito presidiu o conselho de controle desses programas.
João Neto (PSDB), prefeito de Lontra (MG), é acusado de usar notas fiscais falsas e pagar por obras não-concluídas. O prefeito de Laguna (SC), Adilcio Cadorin (PFL), firmou aditivo com empreiteira para serviços já executados. Os valores eram superiores aos licitados. Para adquirir merenda escolar, os convites da prefeitura foram enviados para empresas cujos proprietários tinham vínculo de parentesco entre si.
O peemedebista Francisco Filgueiros, de Vicentina (MS), é acusado de direcionamento de licitação para obras contra enchentes e de aquisição de equipamentos de saúde superfaturados. Em Baixa Grande (BA), gerida por Ubiramir Pereira (PFL), 73,67% da compra de material escolar foram entregues pela empresa 24 dias antes do início da licitação.
Em Pitimbu (PB), Hércules Ribeiro (PTB) é suspeito de pagar a uma empreiteira pela perfuração de um poço já perfurado. Em Novo Gama (GO), Sônia Nascimento (PSDB) adquiriu, por R$ 315,8 mil, equipamentos para um hospital inexistente.
Em Bagre (PA), uma lancha-ambulância foi encontrada atracada, nos fundos da casa do prefeito Pedro Santa Maria (PTB). Em Jardim de Angicos (RN), funcionários da prefeitura administrada pelo candidato Moacir Guimarães (PPS) recebiam benefício do Bolsa Alimentação, destinado prioritariamente às famílias de baixa renda. Empresas de vestuário e de material de escritório e de limpeza participam de licitação para fornecer equipamento hospitalar. Em Mutunópolis (GO), o prefeito Tonico Braga (PSDB) é acusado de direcionar a compra de carne bovina para o pai do coordenador do programa de merenda escolar.
Em Surubim (PE), o prefeito Humberto Barbosa (PFL) dispensou licitação e adquiriu material escolar de uma empresa em situação irregular com o fisco.
Em Jacuípe (AL), a gestão de Leocádio Cavalcanti (PSB) foi acusada de desviar recursos da saúde para, entre outros fins, comprar combustível sem licitação. Irregularidades na aquisição de gêneros alimentícios foram identificadas na prefeitura de Vassouras (RJ), cujo prefeito, Altair Campos (PMDB), quer ganhar novo mandato.


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